Primeira partida beneficente foi no Maranhão, em agosto. Próxima será no Rio Grande do Sul, no fim do mês| Foto: Jornal Regional/MA

Quase tão tradicional quanto a pauta trancada no Congresso é a partida de futebol dos deputados federais às terças-feiras, em Bra­­sília. Tanto treino resultou em um time, com políticos do governo e da oposição, que percorrerá o país promovendo partidas be­­neficentes, com a presença do tetracampeão Romário (PSB-RJ) e do ex-campeão mundial de boxe Acelino Popó (PRB-BA).

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Por enquanto, a equipe participou somente de um jogo, em São Luís, contra o time da Assem­bleia Legislativa do Maranhão, no dia 6 de agosto. O evento contou com a presença do deputado e humorista Tiririca (PR-SP), o ex-goleiro Danrlei (PTB-RS), que jo­­gou na linha, o delegado Protóge­nes (PCdoB-SP) e o filho do senador Renan Calheiros, Renan Fi­­lho (PMDB-AL).

O primeiro estado a receber o grupo é também a base eleitoral do organizador das partidas, de­­putado federal Fernando Escór­cio (PMDB-MA). É ele quem revela como alguns colegas percorreram os mais de 2 mil quilômetros en­­tre a capital federal e São Luís: com passagens aéreas compradas com a verba indenizatória.

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Pelo menos 26 parlamentares foram ao jogo entre deputados federais e o time da Assembleia Le­­gislativa do Maranhão. Infor­­ma­­ções do portal da Câmara mos­­tram que dois deputados mar­­caram passagens de ida ou volta para São Luís em datas próximas ao evento: Romário e Do­­mingos Sávio (PSDB-MG). O Baixinho emitiu um bilhete no dia 7, no valor de R$ 506,66, para um trecho entre a capital maranhense e Brasília. Já o tucano, emi­­tiu no dia 5 um tíquete de R$ 413,34, para uma viagem entre São Luís e Belo Horizonte.

A Câmara informou que, após usarem a verba indenizatória, os deputados têm meses para lançar os dados no sistema. Ou seja, o número de parlamentares que usou a verba com esse fim pode ser maior. A Casa não vê ir­­regularidades porque o ato que regulamenta a chamada Cota pa­­ra Exercício da Atividade Parla­mentar diz que a verba pode ser usada em "ações necessárias ao legítimo exercício do seu mandato". A reportagem entrou em contato com Domingos Sávio, que não retornou. Já Romário dis­­se que o objetivo da viagem é mais importante que o valor da passagem. "O futebol é se­­cundário. O objetivo é visitar as instituições e doar o que for arrecadado com o jogo. Uma passagem de ida e volta não custa nem R$ 1 mil e não é proibido pela Câmara. Quan­do não é possível usar a verba indenizatória, pago do meu bolso. Eu ia de qualquer jeito", disse. Escórcio também não vê problema. Para ele, a verba ajuda a viabilizar um evento beneficente. "Qual se­­ria o cachê pa­­ra o Romário par­­ticipar de um evento desses?", questiona ele.

No caso da partida no Ma­­ranhão, foram arrecadados R$ 46 mil, doados à Apae e ao Hospital do Câncer, instituições também visitadas pelos parlamentares. Outras partidas já estão agendadas: dia 29 de outubro será a vez de Ca­­noas (RS), cidade do presidente da Câmara, Marco Maia. Em 19 de novembro, a equipe vai a Imperatriz (MA), a pedido do ministro de Minas e Ener­­gia, Edison Lobão.

A pelada semanal é organizada pelo deputado Júlio Del­­gado (PSB-MG) e acontece há quase dez anos. "Há três legislaturas a gente, sempre quando termina a sessão, vem aqui descontrair um pouco. É para a gente dar uma desestressada da atividade do Congresso", diz ele.