Opinião
Adulto pode se "alfabetizar" em 45 dias
Da Redação
A primeira reportagem indicando que o palhaço Tiririca não sabia ler saiu pouco antes da eleição: a revista Época apresentou diversos indícios de que ele não era alfabetizado em sua edição de 24 de setembro. Relatava, por exemplo, que seus autógrafos eram ininteligíveis, só rabiscos, e que colegas atestavam seu analfabetismo.
De acordo com a coordenadora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Maria Sílvia Bacila, não é impossível que um adulto aprenda o básico para responder a um teste simples de leitura e escrita em 45 dias. "Não sei o nível de alfabetização que ele tinha antes. Mas percebe-se que ele é uma pessoa inteligente, com capacidade de compreensão. Um adulto assim, se estiver empenhado, pode aprender o suficiente para passar por um teste simples de alfabetização nesse período", afirmou.
Segundo ela, no entanto, é preciso lembrar que existem vários graus de alfabetização e de letramento e que alguém capaz de enunciar textos de jornal em voz alta ou de reproduzir no papel algo que lhe é lido não necessariamente será capaz de ler e interpretar um texto mais complexo, como uma lei. " A dúvida é se esse teste que foi aplicado é o que deveria ser feito", disse.
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), desembargador Walter de Almeida Guilherme, disse que o deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca (PR), conseguiu ler e escrever o que foi pedido no teste realizado ontem para saber se ele era alfabetizado. Tiririca foi chamado a fazer o teste devido a vários indícios de que ele não sabia ler e escrever. De acordo com a Constituição, apenas pessoas alfabetizadas podem ser eleitas, embora os analfabetos tenham o direito de votar.Segundo o presidente do TRE-SP, Tiririca se submeteu a um teste de leitura e de escrita. O deputado se recusou a fazer a perícia técnica para comparar sua escrita com a de sua mulher, que teria ajudado o deputado a preencher a declaração de instrução entregue à Justiça Eleitoral. "Ele se recusou e tem base para recusar", disse o desembargador, ressaltando que Tiririca não é obrigado a criar provas contra si mesmo.
O deputado de maior votação no país teve de ler a manchete da edição de ontem do Jornal da Tarde "Procon manda fechar loja que vende itens vencidos" e um trecho em destaque da matéria: "Medida inédita suspende as atividades de 11 supermercados da capital durante período de 12 horas. Segundo órgão de defesa do consumidor, a aplicação de multas não surtiu efeito, já que as lojas punidas são reincidentes na infração".
Tiririca também teve de ler o título e um destaque da matéria de capa de variedades do Jornal da Tarde: "O tributo final a Senna" e "Estreia amanhã filme que homenageia o piloto brasileiro, relembrando os tempos de glória, as brigas com dirigentes, a rivalidade com Prost e pouco da vida pessoal".
Já o ditado foi tirado da página 51 do livro Justiça Eleitoral uma retrospectiva, editado pelo TRE-SP em 2005. A frase é de um texto intitulado "a Justiça brasileira pós Estado Novo", de autoria de José DAmico Bauab. "A promulgação do Código Eleitoral em fevereiro de 1932, trazendo como grandes novidades a criação da Justiça Eleitoral", diz o texto.
No dia 17 de dezembro Tiririca receberá seu diploma o canudo o habilita a ocupar cadeira na Câmara Federal. Sobre isso o presidente do TRE foi taxativo. "Mesmo que haja condenação não interfere na diplomação. Ele vai ser diplomado, independente da sentença. A ação penal não ataca seu mandato." Uma vez diplomado, Tiririca passa a ter foro privilegiado e o processo é encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
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