No dia 3 de julho, os eleitores de Bituruna (Centro-Sul do Paraná) voltarão às urnas para escolher um novo prefeito, que assumirá a cadeira de Remi Ranssolin (PTB), o qual teve o mandato cassado em 17 de março pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O pleito fora de época, que está movimentando a cidade, ficou ainda mais disputado após o episódio dos tiros contra o carro do presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), ocorrido na região. O filho dele, o tucano Rodrigo Rossoni, é um dos três candidatos.
Além de Rodrigo, disputam a eleição o ex-vice-prefeito Carlos Roberto de Oliveira Silveira (PP), conhecido como Robertinho, e Vilmar Isoton (PMDB). Pela movimentação nos comitês e pela quantidade de propaganda política distribuída na cidade, é possível afirmar que a disputa está polarizada entre Rodrigo e Robertinho.
Os dois faziam parte de um mesmo grupo político, que se dividiu após a saída de Remi Ranssolin. Ele foi cassado porque as contas do município no período de 2001 a 2004 quando Ranssolin também governava Bituruna foram reprovadas pela Câmara Municipal. Segundo Robertinho, os tucanos iriam apoiá-lo no novo pleito. "Até três dias antes da convenção [quando os partidos definem o nome dos candidatos], o Valdir Rossoni estava com a gente, mas depois quis impor o nome do filho dele e acabou ficando sozinho", diz Robertinho. Rodrigo tem uma versão um pouco diferente. "Todas as lideranças da cidade e todos os ex-prefeitos, com exceção do Remi, pediram para que eu fosse candidato. Eu nunca tinha imaginado isso, mas aceitei", conta.
Além de aliados históricos, os dois principais concorrentes à prefeitura de Bituruna têm laços familiares: Robertinho é casado com a irmã de Valdir Rossoni, e, portanto, tio de Rodrigo.
Sobre o episódio dos tiros, Robertinho diz que ele não deve causar impacto na eleição de Bituruna. Segundo relatório da perícia do Instituto de Criminalística do Paraná, se trata de um atentado. O motorista de Rossoni, Roderlei Alves, e o diretor-financeiro da Assembleia, Sérgio Brun, iam de União da Vitória para Bituruna pela PR-170 quando o veículo utilizado por eles foi atingido. Rossoni não estava no carro. O tucano atribuiu a tentativa de homicídio às mudanças que está implantando no Legislativo paranaense.
O filho de Rossoni também diz que o episódio tem relação com as medidas que o pai tem tomado à frente da Assembleia e que, por isso, não deve mudar a opinião do eleitor em Bituruna. "Isso só nos afetou porque agora nos preocupamos mais com nossa segurança, mas não muda a opinião de ninguém, não tem nada a ver com a nossa eleição", opina.
Eleitores
Nas ruas da cidade, no entanto, a impressão que se tem é que o caso dos tiros pode influenciar de alguma maneira a eleição. O comerciante Luís Moreira, eleitor de Robertinho, diz que tudo não passa de armação. "Acho que isso aconteceu pra chamar a atenção. Tem o caso dos carros blindados na Assembleia, do avião e a eleição aqui com o filho dele concorrendo. Está tudo muito ligado", acredita.
O operador de máquinas industriais, Juarez dos Santos, que vota em Rodrigo, considera o caso mais grave. "Foi um atentado, gente que quer destruir o Valdir Rossoni. Ele não teria motivo para armar isso", diz. Para o estudante Joel Pereira Mattos, o atentado pode fazer com que as pessoas mudem de opinião, tanto para um lado como para outro. "Quem acredita que [o crime contra o carro de Rossoni] foi armação, pode mudar o voto para o Robertinho, mas quem acha que a coisa foi séria mesmo, pode acabar votando no Rodrigo. Mesmo assim, acho que o tiro tem mais a ver com os problemas do Rossoni em Curitiba", diz.
Perfil
Bituruna fica a cerca de 60 quilômetros de União da Vitória. Os moradores originais do local eram os índios da tribo ibiturunas, que em tupi quer dizer "monte negro". O município, povoado por imigrantes europeus, foi criado em 1955 e tem 15,8 mil habitantes, de acordo com o Censo 2010, e 11,2 mil eleitores. A principal atividade econômica da cidade é a madeira. Tanto Rodrigo Rossoni como Robertinho são desse ramo.
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