Entrevista
Tito Zeglin, prefeito interino de Curitiba.
O senhor já tinha imaginado que seria um dia prefeito de Curitiba?
Na verdade não, mas sabia que a possibilidade poderia aparecer. Tenho consciência da responsabilidade do cargo. Só posso agradecer ao prefeito Luciano Ducci pela confiança em mim depositada e espero administrar bem a cidade neste período.
Em uma semana dá tempo de o senhor deixar sua marca como prefeito?
Mesmo que pareça pouco tempo, eu sempre digo: é melhor pouco tempo bem aproveitado do que muito tempo ocioso, sem fazer nada. Se conseguirmos, como queremos, dar início à construção do memorial João Paulo II, aí sim acredito que será uma marca nossa na história da cidade, que vai ganhar mais um cartão-postal.
Qual a sensação de assumir o gabinete do prefeito?
Não posso te dizer como é. Ainda não deu tempo de sentar na cadeira de prefeito. Assumi hoje e já fui pra rua. Mas é disso mesmo que eu gosto: estar na rua com o povo, vendo as melhorias acontecerem.
O fato de o senhor ser filiado ao PDT, que fez oposição ao ex-prefeito Beto Richa nas últimas eleições, causa algum desconforto na prefeitura?
Sinceramente ainda não pensei nisso, mas não acho que vá influir em nada. Como eu sempre dei sustentação ao (ex-prefeito) Beto Richa como vereador, sempre fomos parceiros, creio que não haverá problema. Estivemos de lados opostos na eleição, mas já passou. Agora é olhar para frente.
O que mudou na rotina do senhor neste primeiro dia como prefeito?
A família e os amigos, de brincadeira, já estão me chamando diferente: "Quer um cafezinho, prefeito"? De resto, o que muda é a responsabilidade, que aumenta.
Qual é a impressão do senhor sobre a estrutura da prefeitura municipal?
Agora eu vejo como é bom ser prefeito numa cidade como Curitiba. Também dá pra entender o nível de aprovação tão alto dos dois últimos prefeitos. Além do trabalho deles, há toda uma equipe de secretários de alto nível. Sinto-me à vontade, pois tenho bom trânsito com o secretariado. Assim como eles, só quero ajudar a minha cidade.
Linha Sucessória
A legislação impõe uma ordem. Veja como Tito Zeglin chegou ao cargo:
Titular
Beto Richa renunciou em março. Foi eleito governador do Paraná.
Vice
Luciano Ducci assumiu após a renúncia de Richa. Está em viagem para Itália, Irlanda e México.
Câmara
João Cláudio Derosso, presidente da Câmara, acompanha o prefeito na viagem.
Vice
Tito Zeglin, primeiro vice-presidente da Câmara, assumiu ontem o cargo de prefeito.
Segundo
Zé Maria, segundo vice, assumiu a presidência da Câmara.
Procuradora-geral do Município
Claudine Camargo Bettes é a última na linha sucessória.
Usando capacete de proteção e com os sapatos sujos da lama de uma obra no Novo Mundo, o vereador Tito Zeglin (PDT) tinha no rosto um sorriso indisfarçável que mostrava o seu estado de espírito na manhã de ontem. Era o seu primeiro dia como prefeito interino de Curitiba."É uma realização. Sei que muitos querem e poucos conseguem. Espero ter muito trabalho durante os próximos dias. Prometo fazer o meu melhor", afirmou. Zeglin assumiu a cadeira de prefeito ontem e fica no comando do município até a próxima segunda-feira porque o atual titular, Luciano Ducci (PSB), e o seu sucessor imediato, o presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), viajaram juntos para o exterior para compromissos oficiais da prefeitura.
Segundo sua assessoria de imprensa, Ducci fará palestra amanhã em um evento na Itália e depois segue para a Irlanda. No domingo, participa da Cúpula Mundial de Prefeitos sobre Mudanças Climáticas, no México. Derosso acompanha o prefeito.
Por aqui, o interino Zeglin promete botar o "pé na lama" para "acelerar obras" na cidade apesar do curto mandato. "Ainda não pude sentar na cadeira do prefeito. Tenho muito para fazer", disse.
Reeleito para o sexto mandato consecutivo na Câmara de Curitiba (em 2004 ficou alguns meses na suplência), Zeglin começou na vida publica em 1982 após se destacar como radialista profissão que exerce até hoje. Na última eleição, teve 10.373 votos.
Em seus primeiros momentos como prefeito, Zeglin privilegiou obras que contaram com emendas parlamentares de sua autoria na região sul da cidade, seu reduto eleitoral.
À tarde, o prefeito em exercício deu inicio a construção de um muro de arrimo em um fundo de vale, também no Novo Mundo, que pretende conter o barranco que ameaça despencar atrás de quinze casas.
Zeglin posou para fotos em dois troncos colocados por sobre um córrego, o que causou certa apreensão em sua pequena comitiva.
"Fico feliz de estar coincidentemente iniciando uma obra que ajudei a população a conquistar", disse Zeglin.
Memorial
A partir de hoje, o novo prefeito deve se dedicar ao projeto que, segundo ele próprio, "marcará sua passagem na prefeitura": a construção do Memorial Papa João Paulo II. O anúncio da obra foi seu primeiro ato na prefeitura, ontem durante o café da manhã com administradores regionais e servidores da prefeitura.
O memorial será construído no Centro Cívico, na entrada do bosque em homenagem ao Papa. "O projeto está pronto, os recursos federais estão aí. O memorial será bom para o turismo da cidade, será um novo cartão-postal de Curitiba", disse.
O prefeito afirmou que Portal Polonês, na entrada do Bosque do Papa também será restaurado. Ele espera que a inauguração do novo memorial coincida com as comemorações dos 140 anos da imigração polonesa no Paraná, no ano que vem.
"Sou um polonês; brasileiro, descendente de poloneses. Quero saudar os 380 mil imigrantes poloneses que ajudaram a construir esta cidade", disse.
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