O mandado de prisão do jornalista Antonio Pimenta Neves, que matou a também jornalista Sandra Gomide, seguiu por malote para o Fórum de Ibiúna, cidade a 73 km da capital paulista, por volta das 17h, e só poderá ser cumprido após o despacho do juiz Diego Ferreira Nunes, segundo informação da assessoria do Tribunal de Justiça. A decisão da 10 Câmara Especial do Tribunal de Justiça foi tomada por volta de 13h. Ou seja, o juiz só conseguirá determinar a prisão do jornalista a partir desta quinta-feira.
O jornalista não está em sua residência, na Chácara Santo Antonio, na zona sul de São Paulo. Vizinhos dizem tê-lo visto pela última vez na quinta-feira da semana passada.
Nesta quarta-feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ) determinou a prisão imediata do jornalista, que cometeu o crime em 2000. A decisão do TJ foi tomada durante julgamento de recurso apresentado pela defesa do jornalista, que tentava anular o julgamento. Em maio passado, Pimenta Neves foi condenado a 19 anos e dois meses de prisão pelo assassinato.
Os desembargadores do TJ reduziram a pena de Pimenta Neves para 18 anos, já que ele confessou o crime. Por unanimidade (3 votos a zero), a Justiça determinou a prisão do ex-diretor de redação do jornal O Estado de São Paulo. A defesa do jornalista informou que vai entrar com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília, antes da decisão do TJ chegar às mãos do juiz de Ibiúna.
O jornalista não foi preso após a condenação por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O STF determinou que ele ficasse em liberdade até que fosse analisada a apelação da defesa, que pedia a anulação do julgamento e a realização de um novo júri. Como o Tribunal de Justiça decidiu que o jornalista não tem direito a um novo julgamento, a decisão do STF não tem mais validade.
- Foi feita a justiça sete meses depois da condenação. Considero que a decisão foi tomada com bastante velocidade pelos desembargadores - diz o advogado da família de Sandra Gomide, Sergei Cobra Arbex.
Segundo ele, os advogados de Pimenta tiveram todas as oportunidades de defesa e não havia argumentos para outro julgamento. A alegação era de que uma testemunha não havia sido ouvida.
- Num crime como este, não é justo que ele fique solto. Ele executou uma pessoa - diz o advogado Sergei Cobra.
Sandra foi morta em agosto de 2000, em um haras em Ibiúna, a cerca de 70 quilômetros de São Paulo. Pimenta Neves ficou preso por sete meses e depois conseguiu na Justiça o direito de aguardar o julgamento em casa.
O namoro de quatro anos entre o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, diretor de redação de 'O Estado de S.Paulo', e Sandra Gomide, editora de Economia no mesmo jornal, terminou de forma trágica na tarde de um domingo, 20 de agosto de 2000, no Haras Setti, em Ibiúna, interior de São Paulo. Transtornado com o rompimento do relacionamento e com a notícia de que ela estava apaixonada por outra pessoa, Pimenta Neves matou Sandra com dois tiros, um nas costas e outro na cabeça. Não houve chance de defesa.
Semanas antes, Sandra havia confessado a Pimenta que queria terminar o relacionamento. Num encontro entre ambos em seu apartamento, a jornalista disse que estava apaixonada por outra pessoa. Pimenta descobriu que tratava-se de um dos proprietários do Diário Hoy, terceiro maior jornal do Equador. Sandra havia conhecido Jaime Mantilla numa viagem àquele país, onde foi fazer uma reportagem sobre a situação da companhia aérea Ecuatoriana de Aviación, do empresário Wagner Canhedo. Ela conversou com Mantilla diversas vezes e quando voltou ao Brasil passaram a trocar emails.
Pimenta ainda tentou a reconciliação, mas Sandra estava decidida a romper. Ele então passou a persegui-la. Demitiu Sandra do jornal e ligou a vários amigos para que não lhe dessem emprego. A relação que até então havia sido classificada de carinhosa por amigos, transformou-se em agressiva. A perseguição terminou naquele domingo.
Pela manhã, Pimenta visitou os pais de Sandra, e em seguida seguiu para o Haras. Ele tinha certeza que Sandra estaria lá à tarde. Chegou em seu carro, viu a ex-namorada e correu atrás dela. Disparou pelas costas e depois deu outro tiro acima do ouvido esquerdo, à queima-roupa. Deixou o corpo de Sandra estendido no chão, manobrou seu carro e saiu. Da estrada, ligou várias vezes para o Estadão. Contou o que tinha feito e queria saber se a jornalista havia morrido. No mesmo dia, confessou o crime a seu advogado, Antonio Cláudio Mariz. Entregou-se à polícia, ficou preso por pouco mais de seis meses e desde então aguarda o julgamento em liberdade.
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