Colégio Estadual Nova Ribeirão Grande, no município de Campina Grande do Sul, teve obra abandonada pela Valor.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A Justiça negou, nesta quinta-feira (4), o pedido de habeas-corpus feito pela defesa de Eduardo Lopes de Souza e do filho dele, Gustavo Baruque de Souza. Eduardo é apontado como o verdadeiro dono da Valor Construtora e Serviços Ambientais, empresa investigada por desvio de verbas de obras de escolas no âmbito da operação Quadro Negro, iniciada em maio do ano passado.

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A recusa da concessão do habeas-corpus foi unânime entre os integrantes da 2.ª Câmara do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), apurou a Gazeta do Povo. Com a decisão, pai e filho seguem presos em modo preventivo. Eles estão detidos desde o último dia 15 de dezembro, quando foi deflagrada a 3.ª etapa de investigações da operação.

Documento de pronunciamento encaminhado a 2.ª Câmara do TJ-PR pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) dá conta que a defesa alegou não haver nenhum pressuposto para manter os investigados presos e que, por isso, mantê-los detidos seria conduta ilegal.

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Segundo o texto, assinado pelo procurador Armando Antonio Sobreiro Neto e encaminhado à Justiça no dia 13 de janeiro, o advogado defendeu ainda que não existe risco algum apresentado por Eduardo e Gustavo, nem quanto a reiteração da conduta criminosa, nem de risco ao andamento do processo. A procuradoria de justiça contestou as alegações e afirmou ao TJ que a soltura dos investigados “coloca em risco a própria instrução processual”.

A operação

A Valor Construtora é o epicentro de um escândalo de corrupção que, supõe-se, desviou ao menos R$ 20 milhões destinados a obras de escolas estaduais do Paraná.

Depoimentos colhidos pelo Gaeco citam o envolvimento da alta cúpula da política do estado no esquema. Em julho do ano passado, as apurações levaram à prisão do ex-diretor da Secretaria de Estado da Educação (Seed) Maurício Fanini. Ele foi indicado como responsável por designar os fiscais para as obras fraudadas.

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Além disso, depoimentos prestados ao Gaeco apontaram que o dinheiro desviado das escolas teria ido para a campanha de reeleição do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), e para as campanhas eleitorais dos deputados estaduais Ademar Traiano (PSDB), Plauto Miró (DEM) e Tiago Amaral (PSB). Parte do dinheiro teria sido entregue ao conselheiro do TC Durval Amaral (ex-DEM), pai de Tiago Amaral, e ao secretário estadual de Infraestrutura e Logística José Richa Filho, o Pepe Richa , irmão do governador – o que eles negam.

Também foi revelado que as duas laranjas da Valor Construtora, Vanessa Domingues de Oliveira e Tatiane de Souza, teriam recebido uma oferta em dinheiro para não colaborarem mais com as investigações. A oferta – de R$ 700 mil – teria partido de Viviane Lopes de Souza, a mando do irmão, Eduardo.