Sede da Defensoria Pública do Paraná: troca de defensor geral e busca por manter maior orçamento.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A falta de estrutura da Defensoria Pública do Paraná foi evidenciada por um pronunciamento da S egunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), na semana passada, alertando para a omissão da instituição em defender acusados que não podem pagar um advogado. Um comunicado foi publicado no site do Tribunal de Justiça, apontando o problema e afirmando que “à Defensoria Pública do Estado do Paraná incumbe tal dever de ofício, indeclinável, não podendo ser suprido pela atuação da seccional da Ordem dos Advogados”.

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Na Defensoria, ninguém se dispôs a falar sobre a questão. O órgão está em fase de mudança no comando. O atual corregedor, Sérgio Parigot de Souza, deve substituir nos próximos dias a atual defensora geral, Josiane Fruet Lupion. Em entrevista à Gazeta do Povo no começo deste mês, Souza afirmou que a principal luta de seu mandato será garantir recursos para que a Defensoria possa fazer adequadamente o trabalho para o qual foi criada.

A Defensoria começou a ser estruturada em 2011 e enfrenta dificuldades financeiras desde o início. Neste ano a instituição precisou conseguir liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso aos recursos previstos na Lei Orçamentária, de cerca de R$ 140 milhões. Segundo Souza, de janeiro a julho, menos de um terço deste valor foi repassado pelo governo estadual. O cumprimento do orçamento integral seria fundamental para garantir a nomeação de 58 defensores públicos aprovados em concurso público.

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No ano que vem a situação pode ficar ainda pior, pois a proposta de lei orçamentária enviada pelo Executivo à Assembleia Legislativa reduz as verbas da Defensoria a R$ 45 milhões. Hoje atuam 76 defensores públicos em 22 das 161 comarcas do Paraná. A Defensoria Pública tem 86 servidores estatutários, três servidores comissionados e 182 estagiários, a maioria de Direito. Uma ação impetrada no STF em agosto pela Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) pede que o orçamento de R$ 140 milhões deste ano seja mantido em 2016.

O comunicado da Segunda Câmara Criminal é assinado pelo desembargador Laertes Ferreira Gomes e afirma que “a Defensoria Pública tem declinado sua defesa em diversos processos desta Câmara alegando falta de estrutura”. O desembargador enumera as atribuições legais da Defensoria e dos defensores públicos para cobrar atuação efetiva d instituição. “Resta claro que à Defensoria Pública do Estado do Paraná incumbe tal dever de ofício, indeclinável, não podendo ser suprido pela atuação da seccional da Ordem dos Advogados”, conclui.