Os bastidores do Congresso Nacional estão tomados por especulação e temor. Desde a semana passada, quando começou a circular a informação de que parlamentares poderiam ser presos em breve, a tensão se instalou de vez nos corredores e nos gabinetes da Câmara e do Senado.
Segundo fontes consultadas pela Gazeta do Povo, nunca antes na história do Brasil o clima foi de tanta apreensão. O receio de muitos políticos é tanto com o envolvimento direto – a partir da possibilidade de serem citados em gravações ou delações premiadas que possam levar à prisão – como com a ruína na imagem de aliados próximos, como Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
Um deputado paranaense contou que o clima era de mais apreensão na semana passada. A partir desta terça-feira (7), com a divulgação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido a prisão de Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney, o foco deixou de ser o medo de ser alvo de operações policiais e passou a se concentrar nas consequências do momento de fragilidade que atinge o governo e a cúpula do Congresso. Aliados estão a perigo, ameaçando toda a rede de laços políticos.
Segundo o deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ), o risco de Cunha, Renan e outros parlamentares serem presos já estava correndo ‘à boca pequena’, nos grupos de conversa. “Há uma ansiedade, um rumor permanente. Começaram a falar que o Teori Zavascki estava fechado no gabinete e que nas outras duas situações que o ministro do STF agiu assim o resultado foi a prisão do senador Delcídio do Amaral e o afastamento do Cunha”, comenta.
Alencar relata que segue em alta o receio, por parte de alguns parlamentares, de serem citados em gravações feitas por ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado ou na aventada delação de Marcelo Odebrecht. “Quem tiver que perder o sono, que perca”, brincou.
Para o deputado, além do receio do envolvimento direto, também o que está em jogo para muitos políticos é o fim do sistema de financiamento eleitoral, pelo menos da forma como estava estruturado. “O ambiente é de insegurança, com a perspectiva de tudo desmoronar. Uma situação que não vi em quatro mandatos”, resume.
Segundo Alencar, nunca se viu “tanto cenho franzido, tantas mãos trêmulas. E olha que parlamentares são hábeis na arte de dissimular”.
Conforme reportagem da Gazeta do Povo, ao menos 36 senadores e 52 deputados estão na mira da Operação Lava Jato.
Também o senador Alvaro Dias (PV-PR) falou sobre o clima de tensão, sem paralelo, que está assombrando o Congresso. “Agora vem esse pedido de prisão, mas nos dias anteriores já havia a especulação”, conta. Diante da sensação de ruína iminente, ele chegou a defender a renúncia de todos os eleitos do Executivo e do Legislativo e a convocação de eleições gerais. A expectativa é de que as delações premiadas que estão em fase de homologação devem comprometer ainda mais as instituições.
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