O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli admitiu que teve encontros com o senador Delcídio do Amaral (PT-SP), preso nesta quarta (25), mas disse que as conversas tiveram como tema a reforma política.
Toffoli negou que tivesse tratado com Delcídio sobre qualquer assunto ligado ao recurso do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró no STF, ao contrário do que foi afirmado pelo senador ao filho de Cerveró, Bernando, em conversa gravada por este último sem o conhecimento do congressista.
O magistrado participou de um seminário sobre a reforma eleitoral organizado pelq AASP (Associação dos Advogados de São Paulo) na tarde desta sexta-feira (27).
Antes de proferir sua palestra no evento, o ministro respondeu a questões de repórteres. Visivelmente nervoso, ele contestou a afirmação feita por Delcídio ao filho de Cerveró de que havia conversado com Toffoli sobre o recurso do ex-diretor da Petrobras. Nessa fala gravada por Bernando, Delcídio dá a entender que poderia influenciar a decisão de Toffoli e de outros ministros sobre o processo.
“Sobre esse tema [recurso de Cerveró] ele nunca conversou comigo, nunca tratou desse tema com a minha pessoa e com nenhum dos colegas. Ficamos chocados com esse tipo de declaração”, comentou Toffoli sobre a afirmação de Delcídio.
Indagado porém se teve encontros com o senador, o ministro respondeu: “Sim, fui várias vezes tratar de reforma política no Senado, na Câmara, em audiências públicas. Muito do que estamos debatendo nesse seminário [sobre direito eleitoral] aqui organizado é fruto inclusive de discussões sobre a reforma política. Isso faz parte do dia a dia de um juiz. O que é importante ficar claro é que um juiz é talhado e tem as defesas da inamovibilidade [garantia de não ser transferido] e da vitaliciedade [garantia de cargo vitalício] exatamente para ser independente”.
O magistrado foi questionado se poderia comentar a afirmação feita pelo colega de STF, o ministro Gillmar Mendes, de que “agora sabemos do que eles são capazes para ganhar uma eleição”, em alusão ao PT, partido de Delcídio.
Toffoli respondeu que “as questões colocadas neste caso do Delcídio do Amaral dizem respeito à pessoa dele. O que está em julgamento é ele e aqueles que estavam com ele na tentativa de interferir numa investigação criminal. Isto é o que vai ser apurado”.
Ao ser indagado se acreditava que o PT “seria capaz de tudo para ganhar uma eleição”, Toffoli disse: “Essa questão é algo para ser analisado nos processos eleitorais, e não em entrevista”.