O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), faltou a quatro sessões de julgamentos do plenário da Corte no fim de junho para assistir ao casamento na Itália do advogado Roberto Podval, um dos principais criminalistas do país. De acordo com reportagem publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo, Podval é advogado em pelo menos duas ações no STF em que Toffoli é o relator.
Além disso, segundo o jornal, as despesas com a viagem de convidados foram pagas pelo noivo. Toffoli informou por meio de sua assessoria que pagou pelos deslocamentos aéreos. Mas não disse se arcou com as despesas hoteleiras. A Folha informou que os noivos ofereceram aos cerca de 200 convidados dois dias de hospedagem no Capri Palace Hotel, um cinco estrelas cujas diárias variam de R$ 1,4 mil a R$ 13,3 mil.
Realizado num hotel de luxo da ilha, no Sul da Itália, o casamento teve como atração principal um show do cantor Pepino di Capri, famoso por músicas antigas como Champagne, Roberta, Dio Come ti Amo e Sapore di Sale.
"Foi uma viagem de caráter estritamente particular e o ministro não vai se pronunciar sobre questões pessoais", justificou a assessoria de Toffoli. Além da Itália, o ministro viajou para a Alemanha e para a França.
Toffoli não participou de pelo menos uma votação importante, na qual o tribunal admitiu a fixação de aviso prévio proporcional ao tempo de serviço. De acordo com informações do STF, o ministro estava na ocasião "ausente justificadamente". A assessoria de Toffoli disse que ele comunicou a ausência num ofício encaminhado ao presidente do Supremo, Cezar Peluso.
Ao contrário dos trabalhadores brasileiros em geral, os ministros do STF têm dois meses de férias por ano, fora feriados e recessos. As férias deles no meio do ano começaram no dia 1.º de julho. Mas a assessoria de Toffoli confirmou que ele saiu antecipadamente de férias e prestigiou o casamento, ocorrido em 21 de junho.
Repercussão
Podval atuou como advogado em processos de grande repercussão nacional, como o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT) e a morte da menina Isabella Nardoni.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) defendeu ontem o ministro. "O ministro Toffoli como cidadão e ser humano tem todo o direito de cultivar laços de afeto e amizade com as pessoas e merece a nossa solidariedade. O episódio não macula a sua imagem e não pautará o Poder Judiciário brasileiro", afirmou o presidente da Ajufe, Gabriel Wedy.
STF terá Bolsonaro, bets, redes sociais, Uber e outros temas na pauta em 2025
Estado é incapaz de resolver hiato da infraestrutura no país
Ser “trad” é a nova “trend”? Celebridades ‘conservadoras’ ganham os holofotes
PCC: corrupção policial por organizações mafiosas é a ponta do iceberg de infiltração no Estado
Deixe sua opinião