O chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, afirmou neste sábado que os traficantes que incendiaram o ônibus 350 tinham a ordem de impedir a saída dos passageiros do veículo. No atentado, ocorrido na noite de terça-feira, cinco pessoas morreram carbonizadas e outras 14 ficaram feridas. Segundo o delegado, a adolescente de 13 anos detida na sexta-feira confessou sua participação no ataque e confirmou que o traficante conhecido como Lorde comandou a ação.

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Álvaro Lins afirmou que o depoimento da menor na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) derruba a tese de que poderia ter acontecido um acidente e que os traficantes não pretendiam assassinar os passageiros:

- O objetivo deles era matar aquelas pessoas. A ordem passada foi essa e eles cumpriram à risca.

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A adolescente é apontada pela polícia como uma das namoradas do traficante Lorde. A Polícia Militar a apreendeu na casa de parentes, no Morro do Jordão, na Taquara, em Jacarepaguá. De acordo com a polícia, a menor contou que freqüentava o Morro da Fé por causa do relacionamento com Lorde.

Segundo o chefe da Polícia Civil, a avó da menina presenciou seu depoimento na DPCA. A menor contou que trabalha para o tráfico no Morro do Guaporé e que, na noite do crime, Lorde a chamou para passar a determinação de descer à rua, parar um ônibus e incendiá-lo.

- Ela disse que a ordem era para não deixar os passageiros sair - ressaltou Lins.

Ainda de acordo com a adolescente, o motivo do ataque foi a morte de um comparsa de Lorde, durante um confronto com a polícia. Ela disse não saber quem seria este traficante. A polícia investiga ainda denúncias de que Lorde teria o objetivo de se vingar de tentativas de extorsão por parte de PMs.

A chefe de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Marina Maggesi, disse neste sábado que a menor reconheceu sete pessoas que participaram do atentado.

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Segundo a inspetora, estas sete pessoas seriam os quatro bandidos executados dentro de um carro esta semana, o traficante Lorde, uma namorada dele, Brena, e um outro homem que estaria foragido.

A policial disse que a adolescente afirma que o traficante não estava presente no momento da ação, mas a inspetora acredita que isto não seja verdade. Segundo ela, a adolescente pode estar negando o fato por temer represária do criminoso.

Álvaro Lins contou ainda que a menor descreveu com detalhes as tarefas de cada integrante do bando no ataque:

- Ela disse quem entrou no ônibus para jogar gasolina, quem fechou a porta de trás para impedir a saída dos passageiros, quem rendeu o motorista, quem fez o sinal para o ônibus.

A adolescente também teria informado que o traficante conhecido como Mica foi responsável pelas quatro execuções. Embora seja da mesma facção de Lorde, Mica teria desentendimentos com o traficante e teria aproveitado a comoção que o crime causou para se livrar dos comparsas de seu desafeto.

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O delegado prefiriu não classificar o caso como um ato de terrorismo:

- Terrorismo sempre tem por trás uma motivação ideológica, que não é o caso. O que houve foi um ato de barbárie, de covardia.