Em Porto Alegre (RS), um sistema "drive-thru" de traficantes de drogas fornece aos consumidores vários tipos de entorpecentes sem que eles precisem descer do carro. Reportagem exibida pelo "Jornal da Globo", da TV Globo, flagrou o comércio de drogas que funciona na Vila Lupicínio Rodrigues, um dos bairros mais tradicionais da capital gaúcha.
As imagens gravadas na região mostram que até mesmo crianças compram drogas, que são entregues depois do pagamento da "mercadoria". O seguinte diálogo foi gravado de dentro de um carro:
Motorista: - Tem pedra (crack) aí, velho? Traficante: - Quantas? Motorista: - Eu quero 50 "pila". Traficante: - Dá a volta. Só a pedra? Motorista: - É. Traficante: - Dá a volta.
Uma corretora de imóveis que tem medo de se identificar mostra uma lista de apartamentos colocados à venda na vizinhança do tráfico. "É uma região que está sendo desvalorizada com o tempo em função do tráfico de drogas. Aqui, por exemplo, temos um morador que conta que a família quer ir embora dessa região em função do crime, da marginalidade", ela diz.
Uma moradora conta que os tiroteios são freqüentes. "Às vezes é dois, três ou vários tiros, inclusive atingido pessoas, como já ocorreu no ano passado", conta.
O problema no bairro é antigo. Imagens feitas no bairro em 1964 mostram que já havia tráfico de drogas no local. Em uma operação da época, 200 pessoas foram detidas para identificação.
No Rio Grande do Sul, 40% das ligações feitas para o disque-denúncia são relativas ao tráfico de drogas. A polícia diz que não há como investigar todos os casos. "O perigo que existe é que, associado ao comércio de drogas, sempre acabam acontecendo outros crimes. Os homicídios estão muito vinculados, briga de quadrilhas, pessoas que denunciam e acabam sofrendo represálias. Furto e roubo de veículos também estão muito associados e o tráfico de armas", afirma o delegado Paulo Grillo.
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