Crítico do atual governo, o deputado estadual no Paraná pelo PSDB, Ademar Traiano, membro da Executiva Nacional do partido, duvida das chances de Marina Silva nas eleições de 2014. Na avaliação do deputado, o desempenho da presidente Dilma Rousseff (PT) pode comprometer as chances de outra mulher assumir o mais alto posto do País. "A Dilma não convenceu os brasileiros. Então, acredito que no momento do voto essa avaliação será feita: da capacidade de uma nova mulher poder gerir o comando do país. É o que eu falei sobre vivência, habilidade, poder dialogar com partidos, tudo isso tem influência. Eu acho que a população brasileira não faria mais uma aposta neste sentido."
O deputado federal Walter Feldman, atualmente filiado ao PSDB de São Paulo, mas que tem se empenhado para a criação da Rede Sustentabilidade, criticou as declarações de Traiano. "Quando eu li a matéria levei um susto com a interpretação dele. É um voo ousado que o deputado faz porque mistura a avaliação sociológica, política e comportamental para avaliar o que pode acontecer nas próximas eleições", disse Feldman. "Ele (Traiano) faz uma avaliação política tendo em vista aquilo que é um desejo dele de ver o candidato do PSDB disputando com Dilma", afirmou.
Ao falar sobre as dificuldades que seriam enfrentadas por Marina Silva, caso ela consiga viabilizar a Rede e vencer as eleições presidenciais do ano que vem, Traiano questionou a experiência da ambientalista para assumir o cargo mais importante do país. "Nada de pessoal nem de discriminação, é que estamos vivendo uma experiência no Brasil com uma presidenta. E na verdade a população sente que não há firmeza nas decisões. Acho que a Marina não tem uma bagagem para sustentar um projeto político nacional porque, queira ou não queira, o Congresso tem um peso no processo de decisões do País. Na minha visão, ela é um meteoro momentâneo. Contribui para um segundo turno, mas não teria sustentabilidade."
Traiano é um dos principais organizadores do encontro do PSDB que acontece no próximo dia 13 de setembro em Curitiba. Na reunião, o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), nome mais cotado para disputar a Presidência da República pela legenda, estará presente para debater com líderes locais e articular alianças na região Sul. Traiano garantiu que os tucanos estão unidos em torno da candidatura de Aécio. "Nós temos uma posição muito clara. O Aécio é nosso candidato à Presidência. É um fato consumado", finalizou.
Feldman diz concordar com algumas críticas à gestão da presidente, no entanto, frisou que isso, de forma alguma, tem relação com o fato dela ser mulher. "Todas as críticas que temos com relação à gestão da Dilma não se dão por conta do gênero. Ela não é mais ou menos porque é mulher. Essa é uma ponderação que na política não é mais passível de aceitação."
De acordo com o deputado, a posição de Traiano é absolutamente pessoal, pois a avaliação do PSDB é que as mulheres têm o direito de comandar e estar em qualquer nível político. "É (um pensamento) absolutamente pessoal (de Traiano). Pode ter figuras políticas em todos os partidos que tenham essa visão, mas é uma visão preconceituosa", reforçou Feldman.
Ao contrário do que pregou Traino, Feldman acredita que o eleitor brasileiro não fará avaliações de gênero nas próximas eleições. "A sociedade lutou para diminuir as diferenças e tem mostrado nas ruas que quer gente competente e honesta para contribuir com as mudanças necessárias", avaliou.
Feldman também criticou as afirmações do correligionário em relação à competência de Marina para assumir o posto de presidente do Brasil. "Ele falou que ela não tem bagagem, mas isso também é um argumento ultrapassado. Ela foi vereadora, senadora, ministra do meio ambiente com resultados incríveis na sua pasta. Ela tem a bagagem como parlamentar e como executiva. A Dilma quando assumiu não tinha nenhuma experiência parlamentar. E o Lula não tinha absolutamente nada e foi presidente por oito anos", afirmou.
"Tentam passar a ideia de que Marina só tem visão ambiental, mas hoje o centro do programa da Rede é a questão da sustentabilidade em todas as políticas públicas. Ela não se propõe a mudar apenas a realidade do dia a dia, ela quer construir uma sociedade para as próximas gerações", rebateu Feldman.
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