Laranjal - Apesar de ainda ser um dos municípios mais pobres do Paraná, Laranjal (Centro-Sul), se desenvolveu bastante nos últimos anos. A incidência da pobreza, que atingia 50% da população em 2003, segundo o IBGE, dá sinais de arrefecimento. Pelo menos 51,1% da população de 6.322 pessoas são beneficiadas pela transferência de renda. Todo mês o governo federal injeta R$ 92,4 mil na cidade através do programa, o equivalente a 11% do orçamento mensal da prefeitura, que é de R$ 9,9 milhões ao ano.
Com quase metade dos laranjaenses incluídos no Bolsa Família, se o programa fosse extinto ou sofresse alterações profundas a economia do município estaria abalada. Atualmente, o dinheiro da transferência de renda federal está engordando os caixas dos quase 40 pontos comerciais do pequeno município.
O presidente da Associação Comercial de Laranjal, Roberto Garcia, confirma que o dinheiro gira dentro da cidade. "Eu mesmo, que trabalho com posto de gasolina, sou beneficiado indiretamente. Os mercados tiveram de aumentar as viagens para o interior para entregar compras e eles acabam gastando aqui no posto", exemplifica. Garcia, que chegou a Laranjal há dez anos, diz que muita coisa mudou no município. "Antes não tínhamos farmácias e agora temos duas; não havia panificadora, agora tem duas. Está sendo construído um grande supermercado. O asfalto até Palmital foi consertado. E a avenida principal também foi pavimentada."
A beneficiária Maria Inês Raski Fagundes França conta que os R$ 112 que recebe todo mês são usados para pagar as parcelas das roupas e calçados dos três filhos que são estudantes. "Compro tudo aqui e parcelo", afirma. O programa também abriu as portas para ela fazer um curso de manipulação de alimentos o treinamento já garante uma renda melhor. "Eu planto para o programa Compra Direta, que vai para a merenda escolar, e também aproveito as chances que aparecem para melhorar a renda", diz.
Cursos como o de Maria Inês são bancados com recursos federais específicos para os municípios que conseguem melhorar os índices de escolaridade e assistência à saúde. Os treinamentos são oferecidos a todos os beneficiários do Bolsa Família basta disposição para participar.
A secretária municipal de Assistência Social, Neide Nascimento, e o operador do Cadastro Único, Valdenir de Oliveira, também acreditam que as condições melhoraram em Laranjal. "Antigamente a prefeitura tinha que dar muita cesta básica e agora a gente vê que a procura acabou", ressalta Neide. Oliveira acrescenta que as oportunidades de emprego ainda são restritas, e que o programa é fundamental para complementar a renda das famílias.
Dependentes
Às vezes, o repasse feito pela União não é apenas um complemento, mas sim a única fonte de renda. É o caso da família de Erondina Borges Martins da Silva. Ela, o marido, Alcindo Ribeiro da Silva, e os cinco filhos vivem em uma área invadida num barraco de chão batido. Erondina diz que sofre de problemas cardíacos e não pode trabalhar. Alcindo quebrou a mão ao cair da bicicleta e está "encostado" há três meses. Os R$ 134 que vêm do governo federal todos os meses são um alívio na casa.
Tanto Maria Inês quanto Erondina sabem que o dinheiro vem de Brasília. A sucessão presidencial, porém, ainda é um assunto que não faz parte do cotidiano das beneficiárias. Erondina afirma que ainda não "ouviu comentário" sobre as eleições e que ainda não parou para pensar como definirá seu escolhido. Já Maria Inês fala que ainda é cedo para isso. Ela acha difícil ocorrerem mudanças no Bolsa Família principal programa da era Lula. "Acho que os deputados não vão deixar."
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