O ministro Gilmar Mendes afirmou em determinado momento do julgamento que é preciso esclarecer se as doações feitas para a campanha da presidente Dilma Rousseff serviram para lavagem da propina paga com recursos desviados da Petrobras – ele defendeu a investigação das contas.
O ministro chegou a citar que ouviu uma vez que “ladrões de sindicato transformaram o país em um sindicato de ladrões” e completou dizendo que “não podemos permitir que um país se transforme em um sindicato de ladrões”.
O ministro apresentou um voto, muitas vezes em tom emotivo, cobrando coragem do tribunal para discutir os processos sobre cassação e afirmou que é preciso esclarecer se houve corrupção e lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral, se referindo às doações. “Os fatos são de gravidade tamanha que fingir que eles inexistem é um desrespeito à comunidade jurídica. Falar isso e voltar para casa faz com que nós sintamos com vergonha de olharmos no espelho”, disse.
A ministra Maria Thereza Moura voltou a defender a rejeição da ação. Ela afirmou que o PSDB não apresentou elementos suficientes para justificar a abertura de uma investigação. A ministra chegou a falar que os indícios utilizados por Gilmar Mendes para sustentar a investigação não eram conhecidos na época em que analisam o caso e também não foram objeto do processo. “De início, falar de mentiras deslavadas, não prova nada. A inicial não veio com as provas”, afirmou.
Luiz Fux alfinetou Gilmar Mendes questionando se os fatos trazidos pelo ministro também já eram sabidos quando o tribunal aprovou as contas da campanha de Dilma. Gilmar foi relator da prestação de contas da petista. Mendes sustentou que apenas trouxe mais detalhes, mas os indícios já estavam presentes. João Otávio de Noronha, que também votou, disse que é preciso apurar os fatos.
“A convocação irregular de cadeia de rádio e TV é corrupção, isso é improbidade, se provado. O fato notório é que houve desvio. Se repercutiu nas eleições de 2014 é o que se tem que apurar.” O ministro também lembrou que, em delação premiada, Ricardo Pessoa citou que foi coagido a doar para a campanha.
Além de Fux, ainda precisam votar a ministra Luciana Lóssio, Henrique Neves e o presidente do TSE, Dias Toffoli, que não acompanhou a discussão do caso por outros compromissos da Corte. Nesta semana, ele esteve presente em um jantar oferecido por Dilma à cúpula do Judiciário.
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