• Carregando...

São Paulo (AE) – Era 1.º de setembro, 23 horas. Ano, 1985. A data, que completa exatos 20 anos na quinta-feira, jamais saiu da memória da equipe de médicos brasileiros responsável pela mais complexa e audaciosa cirurgia até então feita no Brasil – a conclusão do primeiro transplante de fígado bem-sucedido do país.

A operação no Hospital das Clínicas durou 23 horas, mobilizando 20 médicos que se revezaram – ao som de Beethoven – em torno da estudante de Direito Maria Regina Mascarenhas, de 22 anos, para dar a ela o fígado de um operário que havia morrido num acidente. A garota também acabou morrendo 15 meses depois, mas vítima do câncer que voltou.

O transplante de fígado era e ainda é o ato médico de maior complexidade na medicina. De lá para cá, tudo mudou tanto, a ponto de ser difícil encontrar similaridade tecnológica e clínica entre os transplantes feitos hoje e os de duas décadas atrás.

O fígado é o maior e um dos mais complexos órgãos do corpo humano. Uma das suas características é a capacidade de continuar funcionando, mesmo quando lhe é tirado um pedaço, e se regenerar. Também é um dos que menos causam rejeição: apenas cerca de 20% dos fígados doados são descartados – para o coração, são 60%.

Mas não só as características do fígado fazem com que o índice de rejeição seja baixo. "O aperfeiçoamento técnico foi fundamental", avalia Sergio Mies, chefe da equipe do Hospital Albert Einstein. Um exemplo. No início, lupas e microscópios não entravam nas salas de transplante. Hoje, são instrumentos fundamentais para costurar vasos minúsculos, de 2 milímetros de diâmetro, evitando o risco de tromboses.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]