Três candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro disseram ter sido ameaçados por traficantes de drogas durante campanha eleitoral em favelas neste sábado (2).

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Chico Alencar (PSOL) e Alessandro Molon (PT) contaram que suas equipes de filmagem foram abordadas por homens armados com fuzis quando visitavam a favela Nova Holanda, no conjunto de favelas da Maré, no subúrbio do Rio.

O deputado federal Fernando Gabeira (PV) afirmou que o fotógrafo de sua comitiva foi abordado por um homem que pediu que fossem apagadas as fotografias feitas durante caminhada na Vila Cruzeiro. Segundo Gabeira, o pedido não foi atendido.

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O constrangimento a candidatos e a suposta prática de "currais eleitorais" por traficantes e milícias levaram a Justiça Eleitoral e o governo federal a cogitar o envio ao Rio de Janeiro de tropas da Força Nacional de Segurança como forma de garantia do processo eleitoral. As opiniões dos candidatos se dividem em relação ao reforço de segurança.

A versão dos candidatos

"Constatamos que havia pessoas armadas e houve um pedido, que nós não sabemos de quem, para que nós devolvêssemos o filme. Nós não devolvemos o filme e afirmamos que era o nosso direito de filmar a campanha política. A gente pura e simplesmente encerrou o diálogo e fomos embora", disse Gabeira em entrevista à rádio CBN.

Ele afirmou que não sabia quem era a pessoa que abordou o fotógrafo. "Era uma pessoa que nós não sabíamos se era da associação de moradores ou do tráfico, porque a associação de moradores tinha medo, com toda razão, de que houvesse alguma represália pela nossa passagem lá caso saísse alguma foto que comprometesse algum aspecto deles lá".

Na Favela Nova Holanda, no conjunto de favelas da Maré, também subúrbio, a equipe do deputado federal Chico Alencar (PSOL) teve que interromper as filmagens após receber ordens de traficantes.

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"Num determinado momento, já no meio da caminhada, um rapaz que não estava armado, com moto, chegou e falou com uma companheira, que é até moradora, porque a gente sempre vai com pessoas da comunidade, que têm trabalho social e político lá. Aí, ele falou: 'será que pode não filmar e tal'. Aí, a gente avaliou e parou a filmagem de fato. Não vai querer também fazer muita discussão quanto a isso. Já tínhamos registrado algumas imagens também. Agora, é a realidadedas nossas comunidades pobres. A gente não quer segurança nem ação policial com prazo de validade, só até 5 de outubro", contou Alencar.

Na mesma favela, a equipe de Alessandro Molon (PT) também foi ameaçada, segundo o candidato.

"A minha equipe de filmagem foi ameaçada e teve que interromper as filmagens sob pena de sofrer as conseqüências, depois de ter recebido o recado de traficantes fortemente armados. É inaceitável e merece repúdio essa tentativa de afirmar o poder do crime contra o estado democrático de direito. É lamentável que o estado ainda não garanta segurança pública e o direito de ir e vir de todos, não apenas dos candidatos, mas sobretudo daqueles que sofrem as conseqüências morando nessas comunidades, os criminosos que tentam impor seu poder.

Preocupado com as ameaças de milicianos e traficantes na campanha eleitoral, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Brito, vai discutir o assunto na primeira reunião administrativa do órgão na terça-feira (5).

Crivella

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No dia 26, traficantes de drogas ameaçaram jornalistas durante a campanha de Marcelo Crivella (PRB). O senador Marcelo Crivella fazia corpo-a-corpo com eleitores na comunidade de Vila Cruzeiro, quando repórteres de três jornais foram abordados por bandidos. Um deles estaria armado com um fuzil.

Governo

Em nota divulgada neste sábado (2), o governo do Rio comentou sobre a gravidade dos fatos ocorridos com os três candidatos e prometeu que "não recuará" no combate à criminalidade. Leia abaixo a íntegra da nota.

"Não é novidade para ninguém que, há mais de duas décadas na cidade do Rio de Janeiro, há localidades dominadas por criminosos. Por isso, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, desde os primeiros momentos da atual gestão, vem atuando rigorosa e permanentemente no combate à criminalidade. O Governo age justamente para recuperar à sociedade áreas carentes que estejam sob domínio de traficantes. Ações em série - planejadas com a equipe de Inteligência da Secretaria de Segurança - vêm sendo realizadas para livrar comunidades do poder da bandidagem.

Os fatos ocorridos neste sábado envolvendo candidatos são graves. Provam que o Governo deve prosseguir no combate sem tréguas à criminalidade e, assim, garantir o direito constitucional de ir e vir dos cidadãos.

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O Governo, portanto, deixa claro que não recuará nem abdicará da determinação de assegurar a lei e a ordem - uma obrigação do Estado junto à população."