O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki abriu inquéritos contra três políticos paranaenses nesta sexta-feira (6). A senadora Gleisi Hoffmann (PT) e os deputados federais Nelson Meurer (PP) e Dilceu Sperafico (PP) serão investigados por envolvimento no esquema descoberto na Operação Lava Jato. Meurer vai responder a dois inquéritos no STF.
Os paranaenses foram citados pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa em depoimentos em regime de delação premiada. Os três estão na lista de políticos mencionados pelos delatores e entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF na terça-feira (3).
Em seus depoimentos, Youssef teria dito que entregou R$ 1 milhão a um empresário, dono de um shopping em Curitiba, valor que, segundo ele, teria sido entregue à campanha de 2010 de Gleisi Hoffmann (PT), eleita senadora naquele ano. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo em outubro. Paulo Roberto Costa também disse, em delação premiada, que em 2010 recebeu pedido “para ajudar a campanha” de Gleisi.
Paulo Bernardo não aparece na lista do STF
O nome do ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, que foi citado nesta semana como um dos possíveis integrantes da lista da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, acabou não aparecendo entre os investigados. Segundo delações, ele teria sido intermediário de doações de campanha para sua mulher, Gleisi Hoffmann (PT), ao Senado, em 2010.
Leia a matéria completaA senadora já foi alvo de dois pedidos para depor na CPMI da Petrobras, em outubro do ano passado. Gleisi, na época, negou qualquer envolvimento com Costa ou com o doleiro Youssef.
Procurada nesta sexta-feira, Gleisi afirmou que recebeu a notícia da investigação com “tristeza e tranquilidade”. “Tristeza por ter meu nome envolvido em um caso de corrupção. O maior patrimônio que tenho é meu nome e minha trajetória pública. E tranquilidade porque não temo a investigação e terei condições de provar que nada tenho com esse esquema que atacou a Petrobras. A investigação é oportunidade de esclarecimento dos fatos e espero que seja a forma de acabar com o julgamento antecipado”, declarou.
Deputados federais
Em janeiro deste ano, o juiz federal Sergio Moro encaminhou ao STF dados de movimentações registradas no sistema paralelo de contabilidade do Posto da Torre, de Brasília, que relacionam o nome do deputado federal paranaense Nelson Meurer (PP) a remessas operadas pelo doleiro Carlos Habib Chater, investigado na Lava Jato. A planilha mostrou pagamento de R$ 42 mil para “Nelson Meurer”. Na mesma página, há três remessas endereçadas só a “Nelson”, no total de R$ 103 mil, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo.
Paulo Roberto Costa havia indicado Meurer como um dos beneficiados pelo esquema. O doleiro Youssef afirmou que fazia remessas para Chater que, por sua vez, se encarregava de distribuir os valores para políticos em Brasília.
Beneficiado com mais de R$ 1,1 milhão de doações da Galvão Engenharia na campanha de 2014, Meurer é o recordista em doações da Lava Jato entre os eleitos no Paraná. Meurer não foi localizado nesta sexta-feira para comentar os inquéritos abertos contra ele no STF.
O deputado federal Dilceu Sperafico (PP) recebeu R$ 150 mil em doações oficiais de campanha em 2014 de empresas envolvidas na Lava Jato.
O deputado paranaense se disse surpreso com a citação do seu nome na lista de investigados da Operação Lava Jato. “Nunca tive relação nenhuma com nenhum dos citados, nem empresários, nem diretores da Petrobras”, disse. O parlamentar afirmou ainda que espera que tudo seja esclarecido. “Estou tranquilo”, declarou.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Deixe sua opinião