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O Tribunal Regional Federal (TRF) analisa o pedido de prisão dos advogados Maria Cristina de Souza Rachado e Sérgio Wesley da Cunha, feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Armas.

Acusados de comprar por R$ 200 cópias de depoimentos sigilosos dados à CPI pelos delegados do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), os dois advogados prestaram depoimento nesta terça-feira à CPI e poderão ser indiciados. Os dois trocaram acusações durante a acareação e tentaram mostrar que não têm ligação com o crime organizado. Não convenceram.

Uma nova acareação foi marcada para quinta-feira, desta vez com Arthur Vinícius Pilastre Silva, funcionário terceirizado da Câmara e acusado de vender as cópias aos dois advogados. Os dois advogados negaram ter pagado R$ 200 por duas cópias em CDs.

Para o presidente da CPI, deputado Moroni Torgan, os dois mentiram e se complicaram ainda durante o depoimento e a acareação.

- O indiciamento na CPI é certo. Eu espero que a Ordem dos Advogados também tome uma atitude. A ética foi totalmente fraudada. A impressão que se tem com a acareação, um chamando o outro de mentiroso, é que os dois têm razão. As versões apresentadas não foram verídicas - disse Torgan.

Para o deputado Raul Jungman, os dois advogados mostraram que fazem parte da organização criminosa.

- Não resta a menor sombra de dúvida. O número de visitas que ela fez, a maneira como se articularam, o dinheiro que ofereceram e vários outros detalhes mostram que os dois têm uma participação, são mais que advogados, são de certa forma quase militantes da facção criminosa.

Maria Cristina e Sérgio Wesley admitiram durante a acareação na CPI de terem feito, num mesmo dia, uma visita ao preso Marcos Camacho, o Marcola, na penitenciária de Presidente Venceslau.

O advogado Sergio Wesley, que vinha negando envolvimento de seu cliente, Leandro Carvalho, e dele próprio com Marcola , admitiu, durante a acareação, ter visitado o líder do crime organizado no dia 25 de janeiro a pedido de um terceiro cliente, identificado apenas como Paulo Rogério.

Segundo ele, parentes de Paulo Rogério pediram que ele fosse ver se Marcola estava bem, pois havia informações de que estaria machucado. Wesley disse que recebeu dinheiro desse cliente apenas para fazer esta visita a Marcola.

Porém, ele só admitiu conhecer Marcola depois de três perguntas consecutivas feitas pelos deputados.

A advogada Maria Cristina, que durante seu depoimento disse ser muito ocupada e não ter tempo para visitar presos, também confessou que no dia 25 de janeiro, aniversário de Marcola, esteve na penitenciária de Presidente Venceslau acompanhada da mulher do criminoso, Cintia, que queria entrar no presídio para vê-lo.

- A Cíntia, mulher do Marcos, queria que eu fosse junto para deixar que ela entrasse na cadeia, desse um abraço e levasse um bolinho - disse a advogada.

Maria Cristina e Sérgio Wesley negaram ter ido juntos a Presidente Venceslau. O depoimento dos dois advogados na acareação levantou entre os deputados um debate sobre a facilidade que os advogados têm de entrar nas penitenciárias e falar com presos, mesmo que não sejam seus clientes.

A CPI imediatamente entrou em contato com o secretário de Administracao Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, para pedir esclarecimentos.

A advogada Maria Cristina afirmou que não é correto que um advogado possa visitar clientes de outro profissional. Os deputados ironizaram, afirmando que Wesley teria tentado 'roubar' o cliente da advogada.

Na acareação, Maria Cristina e Wesley chegaram a discutir com acusações mútuas de 'mentiroso' e acabaram jogando a culpa um no outro por ter conseguido colocar as mãos na cópia do depoimento.

Maria Cristina disse que um investigador, de apelido Neto, disse a ela que tivesse cuidado no dia em que foi a Brasília para acompanhar o depoimento na CPI. Por várias vezes, a advogada afirmou que chegou a dizer a Wesley que eles não deveriam pegar o CD, pois seria uma 'roubada'.

Wesley, por sua vez, disse que não houve qualquer alerta, pois estavam fazendo algo lícito. Disse ainda que os deputados queriam que os dois destruíssem um ao outro.

Perguntados, porém, sobre quem teria dado R$ 200 ao funcionário da Câmara, Arthur Vinicius Pilastre, Wesley disse que foi a Brasília com pouco dinheiro. Tanto ele quanto a advogada negaram este pagamento. Mais adiante no entanto, Maria Cristina acusou Arthur de ter dito a ela e a Wesley que, depois que tivesse o conteúdo completo do depoimento dos delegados do Deic, poderia cobrar quanto quisesse pelo serviço. Antes, disse ela, Arthur teria dito que precisava pedir permissão ao 'chefe' dele.

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