Os indígenas Guarani-Nhandeva, que viveram mais de um ano e meio sob ameaça de despejo das terras que retomaram em Mato Grosso do Sul, finalmente conseguiram que a reintegração de posse, solicitada por fazendeiros, fosse suspensa, segundo o Conselho Missionário Indigenista (Cimi).

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Pela decisão do desembargador relator do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª região, em São Paulo, André Nabarrete, os Guarani podem ficar nas áreas hoje ocupadas pelas fazendas Remanso-Guassu, Paloma e Pedra Branca até que haja uma decisão do Superior Tribunal de Justiça sobre a validade da portaria do Ministério da Justiça que declara a terra como indígena e determina que a Funai realize a demarcação física. A validade da portaria é questionada pelos fazendeiros através de um mandado de segurança e o julgamento desta ação no STJ está previsto para quarta-feira.

Em sua decisão, o desembargador considera que retirar os índios dos 10% das três fazendas, quase quatro mil hectares, seria apostar na violência. Ao decidir, o desembargador se fundamenta em documentos do Ministério da Saúde que atestam estarem os índios sobrevivendo nessa área, onde obtêm os meios de subsistência e praticam os seus costumes, ritos e símbolos.

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O Cimi iniciou uma campanha que propõe o envio de mensagens eletrônicas para os ministros do STJ, solicitando que o julgamento mantenha a validade da portaria declaratória da terra Yvy Katu.

Yvy Katu foi identificada pela Funai com 9.454 hectares. No entanto, antes da conclusão do procedimento administrativo de demarcação, os 3.800 Guarani-Nhandeva que viviam confinados em 1.648 hectares iniciaram em 2004 a retomada de suas terras invadidas por 14 (quatorze) fazendas.