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O Tribunal Regional Federal da 3ª Região negou nesta terça-feira (11) pedido de liberdade para o chinês Li Kwok Kuen, conhecido como Paulo Li, acusado de chefiar um esquema de contrabando em São Paulo. O pedido foi negado pela 1º turma do tribunal.

Li é personagem principal das denúncias envolvendo o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. Gravações telefônicas durante as investigações da Operação Wei Jin, em setembro do ano passado na qual Paulo Li foi preso, apontam supostas ligações entre os dois. Segundo reportagem publicada na semana passada pelo jornal "O Estado de S.Paulo", ao ser preso sob suspeita de comandar uma quadrilha de contrabando, Paulo Li teria telefonado para Romeu Tuma Júnior na frente dos agentes federais que cumpriam o mandado.

A procuradora regional da República Luiza Cristina Fonseca Frischeisen havia opinado pela manutenção da prisão. Segundo nota divulgada pela Procuradoria da República em São Paulo, a avaliação é de que ele poderia fugir.

"Pelas condições pessoais do acusado, verifica-se que este possui somas financeiras bem como contatos internacionais que lhe permitiriam, se posto em liberdade, empreender fuga, frustrando assim, a aplicação da lei penal. (...) Se colocado em liberdade, o paciente provavelmente voltará a vulnerar a ordem pública, pois dará continuidade às atividades de descaminho, já que se trata do chefe da organização criminosa, que coordena e controla todas as atividades"", diz a nota.

Ainda segundo a Procuradoria, a PF apreendeu com Paulo Li "uma série de documentos e vestuário de diversos órgãos públicos, do Legislativo e Executivo estadual e federal, o que demonstra o alto e complexo nível de organização do grupo criminoso".

Investigações

As gravações que ligam Romeu Tuma Júnior a Paulo Li revelariam, segundo reportagem de "O Estado de S.Paulo", que o secretário de Justiça era cliente do suposto esquema de contrabando. Além disso, Tuma Júnior é apontado por tráfico de influência.

A denúncia, que envolve além de Li mais 10 pessoas, não cita Tuma Júnior. O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu a denúncia em outubro e foi recebida pela Justiça Federal no mesmo mês. Paulo Li e outras pessoas foram acusadas de formação de quadrilha e descaminho.

Informações privilegiadasAlém da suposta ligação entre Paulo Li e Tuma Júnior, as investigações também indicam que um dos réus no processo, Lee Men Tak, tinha informações privilegiadas sobre as operações da Polícia Federal.

"A defesa de Lee Men Tak (...) manifestou-se aduzindo ser imprescindível a verificação, na portaria da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, de quantas visitas fez o acusado àquele órgão, e em quais repartições se dirigiu, já que não há dados, nos autos, de que o corréu visitava constantemente aquele órgão. Justifica seu pedido alegando que, apesar da afirmação de que o corréu teria amigos e contatos dentro da Polícia Federal, nenhuma pessoa foi indicada como sendo o seu contato. Além disso, aduz não ter sido indicado sequer uma informação sigilosa a respeito de operações realizadas pela Polícia Federal. Afirma que, com o deferimento do pleito, será possível verificar se de fato o réu visitou aquele órgão, a fim de que se possa contrapor a sua palavra frente à de seus interlocutores, registradas na interceptação telefônica", diz um trecho do processo em andamento na 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

Tuma Jr.

Também nesta terça, Romeu Tuma Júnior, disse que vai tirar "alguns dias de férias" para se dedicar à família e se preparar para o depoimento na Comissão de Ética Pública da Presidência da República sobre o caso.

"Pretendo tirar alguns dias de férias para deixar as coisas poderem navegar novamente, para que a secretaria possa continuar atuando contra ao crime organizado, contra a lavagem de dinheiro. Vou retornar com a alma lavada e honra íntegra e restabelecida", afirmou, em entrevista ao programa Brasil Urgente, da Rede Bandeirantes.

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