Trinta anos depois da "Carta aos Brasileiros", assinada por juristas contra a ditadura militar, os alunos da escola de Direito mais famosa do país, a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, receberam uma "Carta aos Calouros" do jurista e professor Goffredo da Silva Telles Júnior, de 91 anos, que leu a primeira carta dia 8 de agosto de 1977, diante de uma grande platéia de estudantes, populares e políticos, no pátio da faculdade, no Centro de São Paulo. O documento ficou famoso e se transformou em um dos marcos decisivos no processo de abertura democrática no país. "Para nós, a Ditadura se chama Ditadura, e a Democracia se chama Democracia. Os governantes que dão nome de Democracia à Ditadura nunca nos enganaram e não nos enganarão", diz trecho da carta, assinada por vários juristas, advogados e políticos. Nesta segunda-feira, o jurista também mandou seu recado, desta vez contra a corrupção no país:
"Não é de estranhar que, em épocas corruptas, de "mensalões", "sanguessugas" et caetera, os setores normais da população vivam a clamar por "Ética na Política". Ah, meus amigos Calouros! Permitam que eu, aqui, lhes dirija um veemente apelo. Não se deixem jamais seduzir pelas tentações da corrupção! O advogado corrupto é uma triste figura - eu me refiro diretamente aos advogados porque eu sou advogado. Mas fiquem certos de que todo bacharel corrupto - seja advogado, juiz, promotor público, delegado de polícia, seja o que for - todo bacharel corrupto abre chaga no seio da sociedade. Ele é traidor de seu diploma, traidor da categoria de profissionais a que pertence. É traidor da ordem instituída na sociedade - dessa ordem de que ele é esteio, intérprete, muitas vezes construtor. O bacharel corrupto é traidor da Disciplina da Convivência, traidor da ordem social de que ele precisa ser sentinela e guardião", disse o jurista aos estudantes. A "Carta aos Calouros" foi divulgada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo.
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