A suspeita de irregularidades no registro de 77 mil votos nas eleições de 2014 acendeu um sinal de alerta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que enviou à Polícia Federal (PF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de investigação sobre o caso. A suspeita surgiu após um cruzamento de dados feitos pela área técnica do tribunal, que mostrou uma disparidade na relação entre votantes e eleitores que justificaram a ausência durante o pleito.
De acordo com o secretário-geral da presidência do TSE, Luciano Felício Fuck, que esteve em Curitiba participando dos testes do sistema eleitoral, as falhas são humanas e não relacionadas às máquinas. Fuck afirmou que, na maioria dos casos apontados pela auditoria, a falha pode ser explicada por erros do mesário ao liberar a urna para votação, digitando o código errado ou identificando o eleitor pelo nome equivocado. Alguns casos, porém, chamaram a atenção do Tribunal.
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Leia a matéria completaFaltou, mas votou
Em Bom Lugar, no Maranhão, uma única urna registrou o voto de 18 eleitores que justificaram ausência . Em Centro do Guilherme, outra cidade maranhense, as falhas apareceram entre 10 e 15 vezes em uma mesma sessão eleitoral. “Neste momento, acendemos um alerta para uma possível fraude vinda dos mesários. Justamente pela possibilidade do batimento destas informações é que o TSE pediu a investigação e a identificação de possíveis envolvidos”, disse.
Ainda de acordo com o secretário, 77 mil casos em um universo de 140 milhões de eleitores não representam um perigo para o processo eleitoral. “São números muito pequenos. O importante é substituir os mesários e em um treinamento melhor que possa evitar estas situações”. Outra prioridade do TSE é a implementação do sistema biométrico nesses locais, o que impediria a fraude. “Isso mostra que o sistema tem marchas de segurança, que permite que este tipo de erros seja verificado”, afirmou.
Previsto para 2018, voto impresso desafia a Justiça Eleitoral
A decisão do Congresso Nacional de derrubar o veto da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) que impedia a impressão dos votos da urna eletrônica fez com que o TSE começasse uma série de estudos para viabilizar o voto impresso, previsto pela minirreforma eleitoral de 2009. A impressão deve valer apenas para a eleição de 2018, mas já gera uma série de desafios para o Tribunal. O objetivo é que o resultado da votação eletrônica possa ser auditado por meio da contagem de votos impressos.
De acordo com o secretário-geral da presidência do TSE, Luciano Felício Fuck, o custo de implantação do sistema deve ficar próximo de R$ 1,5 bilhão e pode gerar problemas para a segurança do eleitor. “Ao mesmo tempo que o sistema deve ser auditável, não podemos deixar que o eleitor tenha acesso a esse voto para evitar que ele seja coagido de alguma forma”, comentou. Outra preocupação seria com o embaralhamento das informações, evitando que a pessoa que siga o eleitor na urna consiga identificar o voto anterior. “O TSE está preocupado não só com a inviolabilidade da urna, como também a do voto. Estamos estudando como conseguir isso”.
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