Reunidos na manhã desta terça-feira (8) com dirigentes estaduais da legenda, integrantes do comando do PSDB se disseram incrédulos com o agravamento da crise que envolve a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, que em uma carta enviada ontem a companheira de chapa revelou sua disposição de se manter distante no momento em que ela enfrenta um processo de impeachment. Os tucanos avaliaram que a carta significa uma ruptura profunda e irreversível entre os dois principais atores na linha de comando do governo.
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O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, aproveitou para conclamar a unidade dos partidos e a sociedade para pressionar pela aprovação do impeachment. “É um momento de enorme gravidade e é muito importante que oposições estejam unidas para enfrentar esse momento de enorme turbulência, essa crise moral, econômica e social sem precedentes na qual o governo do PT e presidente Dilma mergulharam o país. É uma hora em que precisamos ter muita serenidade, mas nós queremos que a população brasileira participe ao lado do PSDB nesse esforço de botar fim a esse ciclo perverso de governo do PT para iniciarmos outro ciclo virtuoso. Esse é o papel das oposições nesse momento”, disse.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), avalia que a carta de Temer foi uma ruptura grave, um sinal verde para o PMDB aprovar o impeachment da presidente Dilma.
“O vice presidente é latinista e ele começa a carta com uma frase em latim que significa : as palavras vão, mas os escritos ficam. Ele poderia completar com outra célebre frase latina: Alea jacta est , a sorte está lançada. Acho que esse é um movimento sem volta, uma ruptura grave. A presidente Dilma cometeu a imprudência de tentar dividir o PMDB e isso não está certo. Eu penso que essa carta é sinal de uma ruptura irreversível, sinal de consequências muito graves para a presidente”, avaliou Aloysio Nunes.
O líder do Democratas, senador Ronaldo Caiado (GO), disse que a carta de Temer é uma declaração a favor do impeachment de Dilma. “Houve uma posição sem rodeios, onde expõe, além da incapacidade administrativa, a falta de apoio político da presidente. O foco principal do Democratas é tirar o País dessa situação. Dilma perdeu todas as condições de continuar. Mas o Democratas só vai discutir apoio a nomes depois que o impeachment for sacramentado. Depois será uma nova etapa, onde vamos optar por um projeto que recoloque o país nos trilhos e arrume a bagunça e o estrago da era PT”, disse Caiado.
Chantagem
Ainda sem uma posição oficial do partido sobre a convocação do Congresso durante o recesso, para agilizar o processo do impeachment como quer a presidente Dilma e o empresariado nacional, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) diz que todas as dificuldades que o País está vivendo decorrem da paralisia do governo. A bancada do PSDB na Câmara também se reuniu para cobrar uma posição institucional do partido sobre o recesso.
Cássio acusou a presidente Dilma Rousseff de chamar os governadores a Brasília para discutir a crise da microcefalia, para fazer chantagem em busca de apoio. “Vamos dar a celeridade que for preciso. Hoje a presidente convoca governadores para discutir o problema da microcefalia, quando ela já deveria ter agido em relação a esse problema que é muito grave, há muito tempo. E faz desse tema mais um instrumento de chantagem e pressão junto aos governadores para tentar encobrir os malfeitos, a roubalheira e a grave crise de corrupção. A presidente tem instrumentos legais para convocar o Congresso e se o Congresso for convocado nós estaremos, como sempre estivemos, atentos e vigilantes, trabalhando pelo Brasil — disse Cunha Lima.
Sobre as conversas do PSDB com o vice Michel Temer sobre um eventual apoio a um governo de transição, Aécio disse que primeiro é preciso resolver o problema do impeachment. E depois caberá a Temer, se assumir o cargo, apresentar seu programa de governo. Aécio disse que são duas questões e dois momentos distintos, nesse instante o que está em jogo é a aprovação ou não do impeachment.
“O PSDB tem um projeto para o País. Apresentou esse projeto como deveriam ter feito outras forças políticas durante a campanha eleitoral. Discutiu esse projeto com a sociedade brasileira e quase que venceu as eleições. Nós obviamente estaremos sempre ao lado do que interessa ao Brasil. Quanto a participação em eventual futuro governo, isso ainda está absolutamente distante de qualquer pensamento do PSDB. Nesse instante é garantir que o rito do impeachment seja cumprido adequadamente e a partir daí, aqueles que tiverem a responsabilidade de exercer a Presidência, é quem tem que apresentar o seu projeto ao país”, finalizou.
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