O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse nesta quarta-feira (16) que a candidatura do senador do PSOL Randolfe Rodrigues (AP) à presidência do Senado é "isolada" e não deverá ter o apoio dos tucanos. Na terça-feira, Randolfe aproveitou a divulgação de um manifesto que compara a volta do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ao comando da Casa a práticas políticas da República Velha (1889-1930), quando os eleitores votavam em candidatos predefinidos, para se lançar na disputa.
"Acho a atitude do Randolfe isolada", criticou o líder tucano. O PSDB trabalha com duas alternativas para a sucessão de José Sarney (PMDB-AP), marcada para o dia 1º de fevereiro em votação secreta. A primeira delas é o lançamento de um nome de dentro do próprio PMDB para se contrapor a Renan Calheiros, como os senadores Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) ou Ricardo Ferraço (ES). Seria uma forma de respeitar a tradição do Senado de eleger presidente um representante da maior bancada. Outro caminho é apoiar o senador do PDT Pedro Taques (MT) à disputa.
Para o tucano, a alternativa de encontrar um nome para fazer frente a Renan Calheiros "não se esgotou". Segundo ele, por essa razão o lançamento da candidatura de Randolfe Rodrigues é "um pouco precipitado" e foge ao acordo estabelecido entre os senadores ditos independentes - um grupo de parlamentares da base e da oposição que se reúnem desde o ano passado com uma plataforma de moralização do Senado.
Reservadamente, senadores do PSDB não perdoam o colega do PSOL por ter feito, na opinião deles, um acordo de última hora com o relator da CPI do Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG), para retirar o nome do vereador do partido Elias Vaz da lista de sugestões de indiciamento. O relatório de Cunha, entretanto, acabou sendo derrotado e a comissão encerrou os trabalhos em dezembro passado com um texto de duas páginas que não propõe qualquer punição aos envolvidos.
O líder do PSDB rechaça qualquer especulação de que o partido vá fechar questão em torno da candidatura de Renan Calheiros porque o PMDB teria ajudado a derrotar o relatório de Odair Cunha que pedia o indiciamento do governador do partido Marconi Perillo (GO). Segundo ele, uma decisão da bancada será acertada numa reunião marcada para a véspera da eleição para presidente do Senado.
Alvaro Dias adianta que ele pelo menos não apoiará o nome de Renan. "Essa unidade em torno dessa tese eu posso assegurar que não tem. Pelo menos em meu nome eu posso falar", disse. O líder tucano disse que pediu para a assessoria técnica do partido elaborar uma pauta para a eleição da Mesa Diretora que deverá ser entregue aos candidatos. Entre os temas, estão a apreciação dos vetos presidenciais, a reforma administrativa e o aumento da independência do Congresso em relação às medidas provisórias editadas pelo Executivo.
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