A três dias da votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela comissão especial na Câmara, a cúpula do PSDB se reuniu nesta sexta-feira (8) para unificar o discurso da oposição contra a petista e dar respaldo a um possível governo Michel Temer, hoje vice-presidente da República. No encontro, também ficou sepultada a tese de uma nova eleição presidencial.
Reunidos no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, os líderes tucanos fecharam questão em torno da interrupção do mandato de Dilma. Embora o PSDB seja autor da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os caciques do partido definiram que o impeachment é o melhor caminho para abreviar a crise política e econômica que o país atravessa.
‘Mais penoso do que interromper mandato é país se esfacelar’, diz FHC
Após a reunião, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que “mais penoso” do que interromper o mandato de Dilma Rousseff é “ver o país se esfacelar”. “Chegou a hora de dar um basta nisso tudo. Não dá mais para ter dúvidas, por mais penoso que seja interromper um mandato, mais penoso é ver o Brasil se esfacelar”, disse o ex-presidente.
FHC afirmou ainda que o atual governo não tem mais capacidade de se recompor. De acordo com ele, a presidente Dilma teve “muitas oportunidades” para reconstruir sua gestão, mas ela não as aproveitou.
Por isso, defendeu o ex-presidente, “está na hora de apoiar o impeachment” e, em seguida, numa referência à possibilidade de o PSDB voltar a governar o país, “pensar na possibilidade real de recuperação da nossa trajetória”.
O tucano disse ainda que “se quebrou a confiança” em relação ao governo petista. “O cristal rachado não se recompõe”, afirmou. “Há uma indignação da população brasileira pelo desmonte do governo, pela corrupção terrível organizada no Brasil.”
“O PSDB reafirma seu compromisso absoluto com a interrupção do mandato da presidente Dilma Rousseff pela via constitucional do impeachment, não por uma vontade daqueles que com ela disputaram a eleição, mas pela constatação de que ela, infelizmente, perdeu as condições mínimas de governar”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que acabou derrotado pela petista nas eleições de 2014.
Embora tenha dado publicamente um recado a Temer, afirmando que “100% do PSDB apoia o afastamento da presidente da República” porque “o que está em jogo hoje não é o projeto do partido A ou B, é o país”, nos bastidores Aécio já deu garantias ao peemedebista de que os tucanos apoiarão seu futuro governo.
Além disso, selando apoio à “solução Temer”, os tucanos descartaram em definitivo a realização de novas eleições gerais. Secretário-geral do partido, o deputado Silvio Torres (SP) disse que a ideia é “absurda” e que não há a “menor chance” de ela ocorrer.
Participaram da reunião comandada pelo governador Geraldo Alckmin (SP), além de Aécio, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, os senadores José Serra (SP) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), e os governadores Beto Richa, do Paraná, e Pedro Taques, de Mato Grosso.
No encontro, ficou definido que eles trabalharão para que os deputados da oposição em seus estados votem a favor do impeachment.
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