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Com 35 anos de experiência profissional e passagens por veículos como Veja, Época e O Estado de S. Paulo, Augusto Nunes é um dos principais jornalistas políticos brasileiros. Nas colunas que atualmente mantém no Jornal do Brasil e no site No Mínimo, Nunes revela-se um dos principais e mais capacitados críticos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No seu livro "A Esperança Estilhaçada", ele traça um panorama da crise política criada pelo governo, revelando os bastidores e os perfis dos envolvidos. Nunes conversou por telefone com a Gazeta do Povo.

Gazeta do Povo – Como surgiu a idéia de se fazer o livro?Augusto Nunes – A Editora Planeta me pediu um instant book sobre a crise. Eu vinha acompanhando essa crise desde seu início e escrevendo sobre elas em No Mínimo e no Jornal do Brasil. Aceitei o desafio. Só que utilizei minhas colunas como embasamento. Todos os textos foram reescritos e ganharam novos detalhes.

Com a crise ainda em marcha, você não teme que o livro se torne velho rápido demais?Não. Porque na verdade essa crise não tem data para acabar. Ela pode alcançar um ponto final em outubro do ano que vem, nas portas das próximas eleições. Mas será um fim político e não um ponto final jurídico, que deve demorar bastante. Minha opção foi a de encerrar o livro com a entrevista do Lula ao Roda Viva. Foi minha opção pelo fato de ser a primeira vez que o presidente falaria em uma coletiva depois de toda a crise. Mas a grande questão do livro é mostrar os personagens dessa crise, é um livro bem amarrado em perfis. Esses perfis estão lá porque eu conheço a história dessas pessoas. Eu conheço o José Dirceu, o Lula há vinte anos. Do Marcos Valério por exemplo eu evito falar muito. Porque ainda não tenho condições de traçar um perfil dessa pessoa. Então a partir desses perfis, de informações de bastidores eu tracei um panorama dessa crise

Qual é o panorama da crise?É uma história de máfia, que foi detonada porque um dos membros da turma (o Roberto Jefferson) resolveu falar. É a história de um grupo político que aparelhou o Estado em benefício próprio com um projeto de poder bolchevique sem um projeto de governo. Lula em 2006. Provavelmente Dirceu em 2010. Tivemos a corrupção do Collor, em que o PC era a figura responsável por garantir facilidades a um grupo político e ao presidente, tivemos casos de corrupção nas privatizações do governo Fernando Henrique. Mas nessa crise atual houve uma estrutura pensada, uma engrenagem da corrupção, cujo objetivo inicial não era desviar dinheiro em benefício pessoal. Não acredito que o Zé Dirceu tenha botado dinheiro no bolso, por exemplo. O dinheiro era para o partido, para a causa. É a lógica dos assaltos a bancos praticados pelos grupos de esquerda para financiar ações contra a ditadura militar. Na ótica deles não era assalto. Era expropriação. Em nome da causa. Agora não tem metralhadora. Eles têm caneta para assinar contratos de publicidade superfaturados de milhões de reais que vão abastecer a causa, no caso o partido, o PT. (GV)

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