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O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), indicou nesta sexta-feira que deve instaurar uma investigação na Casa sobre o suplente de Joaquim Roriz (PMDB-DF), Gim Argello (PTB-DF). E assim que o suplente tomar posse no Senado, o juiz Roberval Belinati, da 1ª Vara Criminal do Distrito Federal, enviará ao Supremo Tribunal Federal (STF) a documentação referente a Argello levantada nas investigações da Operação Aquarela. Tuma se encontrou nesta sexta com o juiz, responsável pelo inquérito que apurou desvios no Banco Regional de Brasília (BRB). Argello é investigado pela Operação Aquarela por suspeita de grilagem de terras e desvio de recursos públicos.

- Se ele, juiz, diz que imediatamente após a posse ele manda toda a documentação referente ao comportamento anti-ético (de Gim Argelo) ao Supremo, é porque, em tese, o crime foi praticado - declarou.

Tuma defendeu assim a investigação na Casa sobre Argello.

- O Congresso tem obrigação de lutar para que essa Casa não vire um abrigo permanente de alguns marginais, sem querer ofender, que têm praticado traição à população - disse Tuma a jornalistas.

Para Tuma, o fato de Argello ser suspeito de irregularidades anteriores ao mandato, não impede que o Senado abra investigação.

- Se ele assumir, na minha opinião, deve-se abrir a investigação e responsabilitar criminalmente na prática de delitos que prejudicaram a sociedade que ele está lá para representar - afirmou o corregedor.

O Ministério Público e a Polícia Civil investigam também a suposta participação de Argello na mesma operação nebulosa que envolveu Roriz, a partilha do cheque de R$ 2,2 milhões do empresário Nenê Constantino, dono de empresas de ônibus que prestam serviço no DF e da Gol Linhas Aéreas. Roriz afirma que se trata de um empréstimo concedido pelo dono da Gol, Nenê Constantino, e que não envolvia dinheiro público.

Os investigadores suspeitam que o suplente tenha ficado com pelo menos R$ 500 mil do dinheiro. Além disso, Argello responde a outros seis inquéritos e processos. Ele tem 60 dias para assumir o cargo de Roriz e a expectativa é de que tome posse semana que vem.

Governador do Distrito Federal por quatro mandatos, Roriz renunciou a seu mandato na quarta-feira para evitar um processo no Conselho de Ética que poderia culminar na cassação do mandato e na sua inegibilidade por oito anos a contar do fim do mandato para o qual foi eleito em 2006. Roriz, que tem 70 anos de idade, permaneceria no posto até 2014 e, se cassado, ficaria fora das disputas até as eleições majoritárias de 2022, quando teria 86 anos de idade.

Tuma também pediu ao juiz o restante dos documentos levantados nas investigações sobre o ex-senador Joaquim Roriz .

- Fui pedir o restante (dos documentos) para formar o processo por inteiro e deixá-lo no Conselho de Ética para o futuro, caso sejam necessárias algumas informações - declarou Tuma.

Advogado duvida de processo no Conselho de Ética

O advogado Paulo Goyaz, representante de Argello, afirmou que não há nenhum impedimento jurídico contra o ex-deputado distrital. Ele duvidou que seu cliente possa responder a um processo por quebra de decoro e disse que não há provas de que Argello teria recebido parte do valor de R$ 2,2 milhões.

- O Gim não fez nenhum ato como senador. É comum ações na Justiça contra ocupantes de cargos públicos. Se fosse assim, quase ninguém poderia assumir um mandato. Afinal, qual é o político que não tem processo? - argumentou Goyaz.

O advogado nega também que seu cliente tenha denunciado anonimamente Roriz de pagar propinas para dois juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Goyaz também negou a participação de Argello numa negociação da compra de um terreno do empresário Wigberto Tartucce, que foi adquirido por R$ 15 milhões e vendido por R$ 47 milhões.

Roriz, no entanto, está irritado com o que considera uma traição Argello. Ninguém mais duvida, entre os seus aliados, que o suplente teria sido quem passou à revista "Veja" a denúncia de que o ex-governador do Distrito Federal teria comprado voto de juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para mudar o resultado de um julgamento.

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