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A Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal recentemente aprovou um pedido de informações feito ao Ministério das Comunicações para que sejam investigados possíveis desvios de finalidade praticados pelo governo do Paraná na programação da TV Educativa. A Gazeta do Povo levantou que há vários políticos, filiados a partidos políticos, funcionários de confiança do Executivo e pré-candidatos a cargos eletivos no ano que vem com espaço na emissora estatal. Todos eles têm algum vínculo político-partidário com o governador Roberto Requião (PMDB).

O caso mais emblemático é o do reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior, que ganhou um espaço para fazer comentários no Jornal da Educativa. Moreira Júnior é recém filiado ao PMDB e pré-candidato declarado à prefeitura de Curitiba.

No espaço do reitor na Paraná Educativa, ele faz comentários sobre educação, saúde e "a vida das pessoas". Segundo Moreira Júnior, ele foi convidado para ser comentarista. "Sou um homem público e reitor da maior universidade do estado. As críticas fazem parte do jogo democrático. Cada um fala o que quer."

Justamente após Moreira Júnior ganhar o espaço, a ex-deputada federal Clair da Flora Martins (PMDB), ao pedir apoio de Requião para sua pré-candidatura para prefeita da capital, também foi brindada com um programa na televisão estatal. Ela estréia nesta semana e vai explorar temas como desemprego e saúde do trabalhador.

Para o presidente municipal do PMDB, Doático Santos, todos os aliados com direito a espaço na Paraná Educativa estão prestando um serviço à sociedade. "E estão dentro de suas funções." Mas ao ser questionado se ele também não ganharia o mesmo privilégio, respondeu: "Não preciso, o trabalho partidário que faço já me ajuda bastante na difusão da minha atividade política."

Para o deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior (PMDB) – que também é pré-candidato a prefeito em Curitiba e não recebeu o mesmo espaço que os demais colegas do próprio partido – é errado usar a televisão e rádio estatais para "projetar nomes políticos e fazer promoção para quem vai disputar eleição". Stephanes tem divergências com dirigentes do PMDB municipal.

Dentre os personagens que poderiam ser considerados exceções à regra, estão o ex-presidente do Procon e ex-deputado Algaci Túlio e o comentarista esportivo Fernando Gomes, que tem cargo em comissão no governo do estado. O primeiro, completa neste mês 50 anos de jornalismo. O segundo, tem 40 anos de trabalho como narrador ou comentarista esportivo. Porém, os dois são filiados a partidos políticos, mais especificamente ao PMDB.

Algaci tem programas na rádio e na televisão Paraná Educativa e recebe como diretor da emissora. Já Fernando Gomes narra eventos esportivos. "Fui nomeado na Casa Civil e estou à disposição da Paraná Educativa. É o meu sustento. É uma barbaridade fazer qualquer interpretação política da minha função", diz Gomes, que foi candidato a vereador em Curitiba em 2004 e ainda não sabe se o será em 2008.

Já Algaci se defende alegando que é do ramo. Mas tem pretensões políticas. "A princípio, não sou candidato. Mas o partido tem me acionado a ser candidato a vereador, pois sou um bom ‘puxador’ de votos."

E quem não ganhou espaço na Paraná Educativa mas já está lá começa a pensar politicamente. Assim é Willian, da dupla sertaneja Willian e Renan, que na terça-feira se filia ao PMDB para ser candidato a vereador no ano que vem.

Os aliados políticos, de partidos como o PC do B, também têm moral na emissora estatal. O vereador Luizão Stellfeld faz parte desse rol. Ele está há cerca de três meses na Paraná Educativa. Mas justifica que já passou pela Rede Record e pelo SBT. Segundo ele, não há vinculação política no programa.

Outros dois aliados políticos de Requião com projeção na televisão do estado são o secretário especial de Assuntos Estratégicos, Nizan Pereira (PMDB), que foi candidato a vice-prefeito de Curitiba em 2004, e Carlos Lima (PT), assessor da Casa Civil, que faz articulações em projetos sociais para o governo junto à população de baixa renda.

O diretor-presidente da TV Paraná Educativa, Marcos Baptista, foi procurado pela reportagem para explicar os critérios usados no preenchimento da programação, mas não retornou o contato.

Na avaliação do jornalista e cientista política Emerson Cervi, "a TV estatal complementa o sistema comercial, passando uma visão própria, no caso, a do governo."

Justiça

Mais um fato que deu força à tese defendida por deputados de oposição de que o governador Requião faz uso político da Paraná Educativa, foi a Justiça ter determinado, em julho, que fossem retirados do ar comerciais que atacavam veículos de comunicação e comparavam gastos de publicidade com administrações anteriores.

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