Ponta Grossa – A partir dos dois vestibulares que serão realizados este ano, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) vai reservar parte das vagas oferecidas para negros e estudantes de escolas públicas. O sistema de cotas foi anunciado ontem pelo reitor da UEPG, Paulo Roberto Godoy.

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Com a reserva de vagas, a instituição pretende democratizar o acesso ao ensino público superior. "Através de pesquisas e de uma discussão ampla, identificamos que na sociedade brasileira o acesso ao ensino superior é filtrado", explicou a pró-reitora de graduação da instituição, Cândida Leonor Miranda. O processo para o sistema de cotas é discutido pela universidade desde 2004.

A reserva de vagas passa a valer já para o vestibular de inverno da instituição, que ocorre em julho. Os porcentuais destinados aos estudantes que se autodeclararem negros e de escolas públicas serão proporcionais ao número de inscritos por curso. No entanto, será reservado, no mínimo, 10% para os candidatos de escolas públicas e 5% para os negros. A intenção da universidade é aumentar em 1% as vagas para os negros e 5% para os alunos vindos de escolas públicas ao ano, até 2015. "Assim, em oito anos teremos 50% dos alunos da instituição oriundos de escolas públicas", disse Godoy.

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De acordo com Cândida, as vagas que eventualmente não forem preenchidas pelo sistema de cotas serão remanejadas. Se não houver a cota de negros, as vagas passarão para os alunos de instituições públicas e, se não houver candidatos nessa categoria, elas passarão para o sistema normal.

Para um candidato concorrer à cota das escolas públicas, ele deve ter estudado todo o ensino médio e pelo menos dois anos do ensino fundamental em instituição pública. E para a cota de negros, uma comissão será responsável por confirmar as matrículas dos candidatos. Eventuais falhas e desvios no novo sistema serão analisados e corrigidos por uma comissão permanente de acompanhamento e avaliação.

De acordo com o reitor da UEPG, serão oferecidas linhas de crédito para que os cotistas comprem materiais, possam se locomover até a universidade e efetivamente estudem na instituição. "Nós não queremos só o acesso, mas a permanência do estudante na universidade pública", disse. Além da UEPG, instituições públicas como a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) já instituíram o sistema de cotas em seus processos seletivos.

Ontem, Godoy também anunciou que o governo do estado liberou uma verba de R$ 10,3 milhões, em quatro parcelas anuais, para a ampliação da estrutura da instituição.