Renan já comunicou o líder do PMDB de que quer ocupar o cargo| Foto: Antonio Cruz/ABr

Um ano depois de ser alvo de quatro denúncias por suspeita de quebra de decoro parlamentar e renunciar à presidência da Casa, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) está em campanha para ser líder do PMDB. Renan comunicou ao atual líder do partido, Valdir Raupp (RO), na quinta-feira (3), que quer ocupar o seu lugar. Por coincidência nessa sexta-feira (4) fez um ano que ele renunciou à presidência do Senado para não ser cassado.

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Raupp disse a ele que seria "difícil" abrir mão do cargo por dois motivos: por já ter o apoio de 13 dos 20 senadores da bancada e para não frustrar os eleitores de Rondônia, que defendem sua permanência na liderança, uma vez que não quis disputar a presidência do Senado. Mais que isso, há menos de dois anos no cargo, o senador defende que não deve abrir mão da liderança - normalmente ocupado pelos quatro anos da legislatura - para manter o que chama de "bom entendimento na bancada". "A bancada está unida, esta disputa vai estragar tudo", alegou.

O líder marcou para próxima quarta-feira (10) reunião para discutir o assunto. Sua dúvida, agora, é se mantém a data ou se atende ao pedido do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), que pediu para adiar a decisão até que o partido decida sobre o nome do candidato à presidência. "Uma disputa interna não pode contaminar a escolha do candidato à presidência", disse Garibaldi. "Se for possível adiar, é melhor para não atrapalhar o que considero mais importante para a Casa"

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Da parte de Renan, sua assessoria diz que o senador foi "surpreendido" no encontro da bancada da última quarta-feira, quando o partido decidiu lançar candidato à presidência do Senado. No início da conversa, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) perguntou quem seria o líder da bancada, defendendo a permanência de Raupp. "Passou a impressão que o Raupp estava dando um golpe, antecipando a decisão para continuar no cargo", informou um participante da reunião. Na contabilidade do staff de Renan, ele teria o apoio de 14 dos 20 senadores da bancada. Segundo aliados do senador alagoano, recolocar Renan na liderança - onde ele já ficou por seis anos - seria "um reparo" ao fato de ter renunciado à presidência.

O senador Valter Pereira negou ter dado "golpe" ou agido em conluio com Valdir Raupp. "Quis expor minha opinião de que o processo da sucessão da Mesa deve ser conduzido pelo líder", afirmou. "Não sei se o pessoal não me entendeu", emendou. Ele reiterou seu apoio a Raupp porque acredita que ele "pacificou a bancada, é sincero e leal".

Renan Calheiros estendeu sua campanha ao plenário, onde deu um tom de que falava como líder no discurso em que tratou de vários assuntos, da Previdência ao futuro do PMDB. Foi enfático, porém, ao exibir sua proximidade com o presidente Lula, com quem disse ter conversado "demoradamente" na quarta-feira. "Eu queria agradecer ao presidente pela maneira carinhosa, respeitosa, gentil com que ele, mais uma vez, me recebeu", afirmou. "O PMDB não tem que ser noiva coisa nenhuma, o PMDB está casado com o interesse nacional".