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Um ano depois de enviar ao espaço o primeiro astronauta brasileiro, o governo ainda não decidiu se dará continuidade ao programa que levou o tenente-coronel-aviador da Aeronáutica Marcos Pontes até a Estação Espacial Internacional, em 29 de março do ano passado. O presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sergio Gaudenzi, elogia a missão de Pontes, que custou US$ 10 milhões (R$ 20 milhões) e teve como maior resultado a divulgação científica ligada ao trabalho da agência. Mas diz que o programa internacional passa por uma crise, por causa da falta de vôos regulares entre a Terra e a estação espacial.

Atualmente, segundo ele, apenas a Rússia realiza dois vôos anuais, com três lugares cada. Foi justamente a bordo da nave russa Soyuz que Pontes fez a viagem de dez dias ao espaço, oito deles em órbita em volta da Terra. A fila para embarcar é grande. O governo teme engajar-se novamente no projeto, e ter que esperar dez ou quinze anos por uma nova oportunidade.

— Não é ainda uma decisão tomada. O programa (internacional) passa por uma certa crise — disse Gaudenzi ontem.

Para comemorar o primeiro aniversário da viagem de Pontes, ele fez palestra ontem na sede da AEB, em Brasília. Aos 44 anos, o astronauta sonha em voltar ao espaço.

— Continuo à disposição. Sou o único treinado para isso — disse o tenente-coronel reformado da Aeronáutica, que segue vivendo em Houston, nos Estados Unidos, de onde presta consultoria não-remunerada para a agência.

Caso o governo decida investir no envio de um novo astronauta brasileiro à Estação Espacial Internacional, a idéia é que Pontes selecione o substituto.

O astronauta relembrou ontem as horas que antecederam o lançamento do foguete russo, em Baikonur, no Cazaquistão. A nave partiu às 23h, pelo horário de Brasília. Na hora local, já eram 8h do dia seguinte.

— A esta hora eu estava indo trocar de roupa — disse Pontes ao GLOBO, ontem à tarde.

Ele e Gaudenzi lembraram o encontro que tiveram horas antes do lançamento, na ba-se de Baikonur.

— Quem tremia era eu — contou o presidente da AEB, lembrando que falou de futebol para tentar aliviar a tensão.

Na Estação Espacial Intecional, Pontes conduziu oito experimentos científicos para universidades e institutos brasileiros. Um deles, permitiu à Universidade Federal de Santa Catarina comprovar que um equipamento de controle de variação de temperatura funciona bem no espaço. O experimento, segundo ele, abriu caminho para a produção de tecnologia nacional. O maior ganho, porém, foi o estímulo ao estudo da ciência, acredita o astronauta. A página da AEB na internet foi acessada 67 milhões de vezes, no ano passado.

— Milhões de jovens no país passaram a se interessar por ciência e tecnologia. Uma missão não resolve todos os problemas, mas dá um 'start' - disse Pontes.

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