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Curitiba – Para comprar um bom presente é preciso ter dinheiro. A equação que toda criança conhece continua sem solução no terreno difícil das políticas de desenvolvimento regional no país. Economistas e sociólogos concordam que a solução para alcançar um Brasil livre de desigualdades regionais, em que uma menina do sertão nordestino ou das profundezas da Amazônia tenha as mesmas condições de alcançar a felicidade que um garoto do Sul do país, passa por investimentos públicos. Mas até agora ninguém foi capaz de formular uma saída específica capaz de tornar real esse sonho.

Uma medida da desigualdade entre as regiões brasileiras pode ser vista pelas tabelas do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaboradas pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O IDH é medido a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrículas), saúde (expectativa de vida ao nascer) e renda (PIB per capita) e varia de 0 a 1. O Brasil tem IDH de 0,792 e é classificado como uma nação de "médio desenvolvimento".

Dos 5.563 municípios brasileiros, apenas um do Norte/Nordeste aparece entre os dez melhores do país – é a ilha de Fernando de Noronha, com 0,862. A próxima a aparecer na lista é Palmas, capital de Tocantins, numa distante 566.ª posição. Já na rabeira da lista, os dez piores, todos são nordestinos. O pior lugar é de Manari (PE), com IDH de 0,467, cujo índice é inferior ao do Haiti, a nação mais pobre das Américas (0,475).

"Para corrigir essas distorções é necessária uma combinação de investimento público na área social com desenvolvimento econômico", diz Alexsandro Eugênio Pereira, professor de Sociologia do Centro Universitário Positivo (UnicenP) e doutor em Ciências Políticas. O coordenador dos cursos de Ciências Econômicas do Centro Universitário Unifae, Gilmar Mendes Lourenço, destaca a importância do crescimento. "Dessa forma a renda sobe e há um conseqüente aumento da arrecadação dos governos, que podem aplicar recursos em educação e saúde", opina.

Mas como garantir que o dinheiro gerado vai para o destino certo, de modo a fugir das perdas para a corrupção e de desvios como o clientelismo? Esse é o ambiente onde se dá o debate político. Para Pereira, do UnicenP, a resposta inclui a descentralização dos investimentos federais. "Experiências mostram que descentralizar traz mais resultados, porque os municípios e estados estão mais próximos das demandas da sociedade", afirma. "O governo federal estabelece objetivos que esbarram nas realidades de cada cidade. Teríamos mais resultados se cada município tivesse mais recursos para investir em saúde e educação para diminuir as desigualdades." Agora só falta decidir como fazer isso.

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