A liberação do empréstimo de R$ 817 milhões do Banco do Brasil (BB) para o governo do estado do Paraná tornou-se um jogo. No tabuleiro, que mistura Jogo da Vida, Banco Imobiliário e até um pouco de War, o governo Beto Richa (PSDB) tenta acessar os recursos do Proinvest, o que abriria as portas para outros empréstimos, garantindo folga para o sofrido cofre do estado.
Veja como funcionam os empréstimos
No roteiro da disputa, que já se desenrola há dois anos, estão questões administrativas e jurídicas. Elas podem fazer o governo se aproximar do final desejado ou recuar quando tudo era dado como resolvido caso da decisão da Procuradoria Nacional da Fazenda que, na semana retrasada, fez uma análise própria da liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e decidiu consultar a Advocacia-Geral da União (AGU) antes da efetivar a liberação do dinheiro.
A disputa burocrática precede outra, iniciada oficialmente no dia 6 de julho. A partir dessa data, a obtenção ou não do empréstimo será tema protagonista na disputa política entre os concorrentes ao Palácio Iguaçu. Os participantes do novo jogo já deram as primeiras declarações antes mesmo de a disputa começar oficialmente.
O governador Beto Richa tem atribuído boa parte das mazelas fiscais do seu governo que culminaram com uma dívida de R$ 1,1 bilhão com fornecedores ao não recebimento dos empréstimos federais. Para Richa, há "discriminação" contra o Paraná. O estado é único que ainda não acessou os recursos do Proinvest. "Todo estado quer ter ministros. O Paraná teve três ministros [Paulo Bernardo, Gleisi Hoffmann e Gilberto Carvalho] no governo Dilma Rousseff e não foi beneficiado. Pelo contrário", disse.
Porta-voz de Richa na Assembleia Legislativa, o deputado Ademar Traiano (PSDB), foi mais enfático: "Por trás dessa discriminação odiosa não é difícil identificar as mãos dos três ministros petistas paranaenses. Gleisi é candidata ao governo do estado em 2014. Jogar contra o estado, não importando os estragos e prejuízos que cause, é uma aposta típica do PT. É o modo petista de fazer política."
A senadora e ex-ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, por sua vez, diz que os empréstimos não saíram por "incompetência" do governo tucano. "Os empréstimos do Paraná só não saíram porque o estado estava com pendências no Cadastro Único de Convênios da União e não respeitava a Lei de Responsabilidade Fiscal, já demonstrando uma desgovernança", declarou a senadora.
Também postulante ao Palácio Iguaçu, o senador Roberto Requião (PMDB) é o terceiro e explosivo elemento da disputa. O senador foi responsável por travar a liberação do recurso com um pedido de informações enviado ao STF. Segundo o senador, a gestão Beto tirou o estado do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) "artificialmente". "O governo usou um artifício para iludir o Tribunal de Contas e a Secretaria do Tesouro", disse.
Para o governo Richa, no entanto, boa parte das pendências no Cadastro Único de Convênios (Cauc) vem justamente da gestão de Requião no governo. A disputa pelo empréstimo está próxima do fim. O jogo das versões ainda está só no começo.
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