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Um mês após a tragédia com o Airbus 320, os parentes das 199 vítimas do acidente ainda cobram das autoridades e da TAM todo o tipo de informações. Eles não sabem o valor das indenizações, reclamam de falta de transparência nas investigações das causas do acidente e exigem até mesmo a identificação de todas as vítimas, já que cinco ainda não foram reconhecidas.

Alguns dizem que não receberam dinheiro para o funeral. Outros afirmam que viviam do salário da vítima e pedem ajuda ao governo. Além de tudo isso, ainda são obrigados a enfrentar os problemas da burocracia, como fechar contas em banco de familiares ou obter informações na previdência social. O drama para essas pessoas parece não ter fim, mesmo depois de muitos já terem enterrado seu mortos.

A cada dia, eles são obrigados a conviver com as lembranças da tragédia. Parentes do comandante Kleyber Aguiar Lima, de 54 anos, que pilotava a aeronave, receberam na quinta-feira (16) a mudança com roupas e objetos pessoais da vítima em Fortaleza. O enterro aconteceu somente na quarta-feira passada. "As emoções que vivemos nesse primeiro mês são diversas. As coisas aconteceram gradativamente, de modo que sempre tem algo que nos reporta à dor", disse Sherydan Lima, uma das irmãs do comandante.

O enterro dos restos mortais de Kleyber simbolizou para a família a materialização da morte. Segundo Sherydan, isso pôs fim à sensação de que o irmão estava apenas viajando.

Na quinta-feira, os parentes reclamaram das dificuldades diretamente ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. Cerca de 185 pessoas tiveram um encontro com ele em São Paulo. Cobraram tudo o que puderam. "Há parentes passando por dificuldades. É gente que dependia do salário das vítimas para viver", disse o consultor Luiz Moyses, um dos participantes da reunião.

Durante o encontro, o ministro Jobim também foi informado que 23 minutos da gravação das caixas-pretas teriam sido apagados. Parentes dizem ter recebido a transcrição das fitas e constataram o problema. "Esses dados poderiam ajudar a esclarecer as causas da tragédia", diz Cristofer Haddad.

Uma reportagem do jornal "O Globo" desta sexta-feira (17) mostra que os vizinhos de Congonhas estão traumatizados após o acidente. O que antes era apenas um misto de receio e perturbação, provocado pelo barulho das turbinas transformou-se em martírio a cada pouso e decolagem. Muitos pensam em deixar o bairro.

Vizinhos do antigo terminal de cargas da TAM Express, atingido pelo Airbus e que desmoronou no impacto, começam a arrumar as malas e já procuram outros endereços para se instalar. "Moro de aluguel e até estava negociando a compra do apartamento. Mas, depois de tudo o que aconteceu, não há quem me faça continuar aqui", disse o diretor de recursos humanos Alexandre Bustamante, que mora num prédio exatamente atrás de onde funcionava a TAM Express. Uma rua separa o edifício do local do impacto.

Nesta sexta-feira, os parentes e amigos das vítimas estão organizando uma caminhada para marcar os 30 dias do acidente. O objetivo é reunir cerca de 300 pessoas numa caminhada de 1.940 metros na Avenida Washington Luiz. A distância é o tamanho da pista principal do Aeroporto de Congonhas. Além da caminhada, está previsto um ato ecumênico no local do acidente e rosas serão lançadas sobre os destroços do prédio atingido pelo avião. Os parentes planejam levar faixas de protestos durante o percurso.

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