Curitiba – Independentemente de ideologia ou de grupo representativo, um aspecto é unânime entre os quatro representantes de entidades classistas ouvidos pela Gazeta do Povo para analisar os impactos da crise política nacional no movimento sindical: a crise é muito grave, deve ser investigada a fundo e os responsáveis terão de ser punidos.

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Também chama a atenção o fato de que o sentimento de decepção com a cúpula o Partido dos Trabalhadores – que sempre defendeu a ética como uma de suas principais bandeiras – coloca lado a lado partidários e opositores.

As semelhanças, no entanto, param por aí. Os sindicalistas ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), que recentemente indicou seu presidente para o Ministério do Trabalho e do Emprego, defendem a inocência do presidente Lula e consideram que os erros foram cometidos por algumas pessoas específicas, sem envolver a maior parte da militância. Os outros dois entrevistados – um representante patronal e outro de um sindicato independente – vêem mais íntimas as ligações do governo com o partido do presidente.

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Essa mesma polaridade se verifica quando o assunto é a eventual reeleição de Lula em 2006. Apesar de todos ainda considerarem cedo demais para discutir a sucessão presidencial, os presidentes da CUT Paraná, Roni Anderson Barbosa, e do Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Paraná (APP Sindicato), José Rodrigues Lemos, ambos filiados ao PT, mostram-se confiantes com a "blindagem" do presidente Lula em relação às denúncias – o que o habilitaria para disputar a reeleição. Já os presidentes do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, e do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eletroeletrônicas e de Refrigeração de Curitiba e Região (Seletroar), Paulo Bastos, consideram o escândalo da corrupção suficientes para influenciar nos resultados do próximo pleito.

Entre os representantes dos trabalhadores, há divergências também em relação à uma possível mácula na imagem do sindicalismo, causada pelo fato de que vários dos dirigentes petistas alvos de denúncias de corrupção – como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Sílvio Pereira – terem origem no movimento sindical. Entre os três líderes classistas, apenas Paulo Bastos considera relevante a relação das denúncias com a imagem do movimento.