O Brasil está dividido. A constatação parte do histórico das eleições presidenciais do ano passado, com margem apertada a favor da reeleição de Dilma Rousseff (PT), passando pela queda de popularidade da presidente – que chegou a amargos 71% de desaprovação, conforme mostrou o Datafolha no início do mês –, escândalos de corrupção, e chegando, finalmente, às manifestações que pedem a saída da petista do poder.
Veja o que dizem pessoas que vão e que não vão na manifestação
Neste domingo (16), milhares prometem ocupar as ruas do Brasil em atos contra Dilma. Entre as motivações, além do impeachment, estão a apuração de casos de corrupção das gestões petistas ou apenas a demonstração de insatisfação com o governo. Já outros tantos preferem passar o domingo em casa ou até fugir das proximidades da Praça Santos Andrade, onde está marcada a concentração dos manifestantes em Curitiba .
“Essa manifestação é apenas mais um passo em direção ao Brasil que queremos”, diz a advogada Patricia Mascarenha, que vai estar na praça no domingo. “Eu iria aos protestos, se não fossem um enorme ‘anti-PT’, se fosse para levar a sério as denúncias contra todos”, contrapõe o engenheiro civil David Rodrigues. Para ele e outros que não participarão das manifestações, apesar de legítimas, elas estão carregadas de um olhar desvirtuado.
“Esse turbilhão de notícias negativas ressaltadas diariamente pela mídia dissemina um ideal de rejeição”, afirma o servidor público Jefferson de Macedo Motter. O pedido de saída da presidente e até de golpe militar por alguns grupos também afastam pessoas dos protestos. “A maioria acredita que a retirada da presidente traria uma solução mágica para a crise, mas não há neutralidade política nesse discurso”, afirma o assistente social André Araujo.
Já Patricia defende a legalidade do pedido para a saída da presidente, usando como argumento os escândalos de corrupção dos governos petistas, as “mentiras”, segundo ela, usadas por Dilma para vencer as eleições, e as chamadas pedaladas fiscais, alvo de investigação pelo Tribunal de Contas da União. “Havendo tese sólida para o impeachment, terá nosso apoio”, diz.
Mas há ainda quem participe das manifestações e não queira a saída da presidente. “Não acredito que isso resolveria a situação. Sou contra a corrupção. Está mais do que na hora de os políticos entenderam que ocupar um cargo público serve para representar a população e não para interesses pessoais”, justifica o engenheiro agrônomo Eoroclito Tesseroli Neto.
Apesar das divergências sobre os protestos, ambos os grupos partilham da visão negativa sobre o momento do país. “O governo não anda fazendo um bom trabalho economicamente, mas especialmente na educação”, diz Rodrigues. “Vivemos uma crise política e econômica, nos cobram muitos impostos, mas não vemos retorno”, diz a tecnóloga em logística Suelen Nascimento, que participou das duas manifestações neste ano e pretende estar neste domingo nas ruas.
Porém, enquanto que, para o grupo antigoverno, parte da solução está nos protestos, para os demais, a crise deve ser contornada de outras formas. Acompanhar as atividades dos políticos, projetos de lei, orçamentos públicos e decisões governamentais, além de protestar contra qualquer – como eles ressaltam – atividade corrupta são algumas das propostas. “A principal [ferramenta], mas menos usada, é o voto”, diz Rodrigues.
Só espero que, se esse ‘golpe’ – ou seja lá como chamem – não der certo, o Brasil se recupere e volte a crescer. E, se der certo, bom, que Deus nos ajude.
Acredito que o impeachment da peça central da nossa jovem democracia não é a melhor solução para este período de crise, ainda mais considerando que em um curto espaço de tempo já tivemos tal experiência.
Não gostarmos do resultado das urnas ou mesmo das decisões tomadas até então não podem ser motivos suficientemente fortes para exigirmos uma quebra do processo democrático e bradarmos pelo impedimento e afastamento de um líder escolhido pela maioria.
As manifestações são organizadas por movimentos apartidários e ocorrem com a participação do povo de forma espontânea e democrática. Todos vão para a rua com alegria cívica demonstrar sua indignação.
O brasileiro precisa acreditar no país e lutar pela democracia. Não adianta ficar reclamando e, no dia da manifestação, ficar em casa porque está cansado ou porque acredita que essa ação não resultará em nada.
Estamos vendo o resultado das medidas populistas e do estelionato eleitoral que ela [a presidente Dilma] praticou no primeiro mandato e durante a eleição. Mesmo em uma crise econômica, ela se recusa a cortar ministérios e cargos comissionados.
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