Com a Operação Lava Jato cada vez mais próxima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT investirá em um discurso de vitimização de sua maior liderança, alegando que ele é alvo de um “massacre”. Apesar da estratégia, pessoas próximas do líder petista reconhecem que o desgaste já é real e que ele terá dificuldade para atuar como cabo eleitoral nas eleições municipais deste ano como fez em 2012.
Os petistas apostam na radicalização para mobilizar sua militância e pretendem partir para o enfrentamento, afirmando que há seletividade nas investigações e no vazamento de informações. O objetivo é não só tentar tirar a credibilidade da Lava Jato, mas também desgastar políticos da oposição que já foram citados.
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Apesar do cenário, cresce no PT a pressão para que Lula seja candidato à Presidência da República em 2018, com o argumento de que ele terá que defender seu nome e seu legado. “Agora só tem um caminho, que é o Lula ser candidato. Ele pode estar desgastado agora, mas não o subestimem”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Para um petista que frequenta o Instituto Lula, o estrago da imagem do ex-presidente está em curso, mas ainda é cedo para avaliar o impacto que as denúncias que estão sendo reveladas agora terão na disputa presidencial de 2018. “Se depois de todo esse noticiário, não se confirmar nada, ele se recupera e se fortalece. Agora, se alguma coisa grave aparecer ou for interpretada assim, é outra história. Tem que dar tempo ao tempo. A vaca foi brejo? Não. Ele perdeu popularidade? Perdeu, sem dúvida.”
Esse aliado considera “um milagre” Lula ainda aparecer em torno dos 20% das intenções de voto nas pesquisas presidenciais com esse cenário continuo de denúncias.
Para um outro petista próximo ao ex-presidente, na semana passada, Lula enfrentou o mais “cerrado” ataque contra a sua imagem até agora: “Quando você acusa muito uma pessoa, gera uma desconfiança. Cria uma atmosfera. Num primeiro momento, é fatal. O prestígio dele vai ser afetado. Vamos ver as próximas pesquisas. Não está fácil a vida para ele”.
Esse impacto na popularidade deve fazer com que Lula tenha uma postura mais reservada na eleição deste ano. O partido já decidiu, por exemplo, tirar o ex-presidente dos comerciais que serão exibidos no mês que vem. Há quatro anos, Lula tomou à frente de campanhas para prefeito da legenda e, principalmente, ajudou a eleger o estreante Fernando Haddad para comandar a cidade de São Paulo.
Por outro lado, petistas próximos a Lula afirmam que o crescimento das denúncias contra o ex-presidente levará ao acirramento de ânimos da militância. “Ninguém vai para a rua muito animado para defender a Dilma. Com Lula é bem diferente”, disse um amigo.
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Leia a matéria completaO deputado Paulo Pimenta (PT-SP) lista as investigações contra o ex-presidente e sua família, além dos vazamentos de informação, para dizer que há “seletividade” nesse processo e cobrar o mesmo tratamento para políticos da oposição. Essa é a linha a ser adotada a partir de agora pelos petistas, sobretudo na campanha eleitoral deste ano. “Isso cada vez mais reforça um sentimento de seletividade na nossa base social, que nunca viu a imprensa investigar o Fernando Henrique [Cardoso], o Aécio [Neves], o [José] Serra”, afirmou Pimenta.
A base social e política do PT está se mobilizando para defender o ex-presidente com o argumento de que a intenção das investigações é acabar com qualquer possibilidade dele voltar a concorrer. Aliados do ex-presidente disseram que ele não desistirá e que usará a campanha para defender sua história de vida e seu legado no governo.
“Não tenho dúvida que o que querem é colocar algemas no Lula e uma coisa ele não tem: medo. É bom o pessoal que quer acabar com ele tomar cuidado para não o transformarem em um mártir. Ele está preparado para tudo. O que está acontecendo agora lembra muito a campanha de 1989, quando fizeram de tudo para acabar com ele. A gente dizia naquela época que tentariam ganhar no bico. Se não desse, tentariam no grito e, se também não desse, seria na marra. Foi assim há 27 anos. A história se repete”< disse um amigo de Lula.
Um ex-ministro avalia que o alvo de toda a Operação Lava Jato sempre foi Lula e que, com o esfriamento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, busca-se agilizar o enfraquecimento do ex-presidente. “Querem acabar com o nosso projeto”, afirmou.
Um dos assessores mais próximos a Lula durante seu governo disse que as denúncias não se sustentarão e que ele se fortalecerá após todo esse processo. Isso, na avaliação desta fonte, fará com que a militância petista, que está adormecida, e os partidos de esquerda na América Latina façam um levante contra o que chamou de golpe político: “Uma eventual prisão do Lula faria o país parar”.
Uma das preocupações do ex-presidente, neste momento turbulento, é não demonstrar aos petistas que está abalado. Na última quarta-feira, horas depois de a Polícia Federal deflagrar a Operação Triplo X, Lula reuniu sindicalistas e lideranças da legenda, em seu instituto, com o secretário especial da Previdência Social, Carlos Gabas: “Ele estava absolutamente tranquilo, raciocinando com clareza, fazendo as brincadeiras de sempre - disse um dos participantes do encontro”.
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