A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) disse, na manhã desta sexta-feira (22), que deixou o PT quando se deu conta dos erros do partido que ajudou a fundar, há mais de 30 anos. “Uma hora a ficha cai”, afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan.
Marta disse que a história para justificar sua saída do PT é “um pouco longa” e explicou que o principal ponto foi sua decepção após fracassar a estratégia que ajudou a coordenar em 2014, do ‘Volta, Lula’. “Tentei o Volta, Lula porque tinha certeza que ela (Dilma) seria um desastre e imaginava, naquele momento, que Lula poderia ser um presidente que daria um encaminhamento à economia diferente, que agregaria no Congresso.”
A senadora disse que se decepcionou e se sentiu “traída”. Ela, no entanto, defendeu que não quis deixar o partido ainda em 2014 porque considerou que não cabia sair do PT às vésperas de uma eleição e que, por isso, esperou por 2015. A ex-prefeita de São Paulo deixou o governo Dilma, no qual era ministra da Cultura, em novembro e começou a disparar críticas públicas ao PT em janeiro de 2015. Deixou a legenda em abril.
Questionada sobre as suspeitas de envolvimento de Lula em escândalos de corrupção, Marta evitou uma resposta direta sobre seu antigo mentor político. “Não tinha essa dimensão”, disse ao ser confrontada por Marco Antonio Villa, âncora da rádio que disse “rezar todo dia” para que Lula seja formalmente investigado.
Marta também foi perguntada sobre um tema que deve ser explorado por seus adversários na corrida à Prefeitura de São Paulo: a escolha do PMDB. “Não tem nenhum partido que não tenha pessoas sendo investigadas”, respondeu. Ela disse não se sentir constrangida com a presença de investigados e citados na Lava Jato, como Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Michel Temer.
A senadora disse ter escolhido o PMDB por sua “capilaridade”. “No PMDB tem gente de vanguarda e gente conservadora, senti que lá eu caibo. Estou satisfeita, fui muito bem recebida e toco minha vida”, afirmou.
Marta se mostrou confiante em ser a candidata do PMDB na capital paulista. Ela afirmou que seu adversário interno, o secretário municipal de Educação e aliado de Haddad, Gabriel Chalita, “escolheu seu caminho”. “O Chalita, na hora em que resolveu ficar com o Haddad, escolheu seu caminho. Pelo que fiquei sabendo, ele vai se licenciar (do PMDB)”.
‘Martinha paz e amor’
Perguntada sobre sua rejeição entre paulistanos e a imagem de arrogância que deixou ao perder a reeleição à Prefeitura em 2004, quando chegou a ganhar o apelido de ‘Martaxa’, a senadora admitiu que não se comunicava bem e que “não tinha paciência com a imprensa”.
Marta brincou com o slogan associado a Lula em 2002 e disse que ela também virou “Martinha paz e amor”. “Aprendi muito, melhorei”, se defendeu.
Haddad
Marta se disse preparada para voltar à Prefeitura e disse que, ao contrário de seu adversário Fernando Haddad, ela terá uma postura inclusiva. “O símbolo do Haddad é a exclusão, o meu a inclusão.” A senadora chegou a dizer que Haddad é autoritário como a presidente Dilma Rousseff. “A postura dele lembra muito o autoritarismo da Dilma.”
Marta criticou medidas adotadas pelo governo Haddad e acusou por mais de uma vez o adversário de falta de planejamento. A senadora defendeu que toda metrópole tem ciclovias, mas que as rotas deveriam ser discutidas com moradores. Ela não respondeu diretamente se planejaria reverter alguma ciclovia que considere mal planejada. “O que for ‘ciclotinta’, a própria chuva leva”, ironizou.
Sobre a redução das velocidades máximas em vias, Marta chegou a dizer que não confia nos dados da CET de que a medida levou a uma redução nos números de acidentes no trânsito. Ela afirmou que pretende reverter a decisão em alguns casos, como nas marginais. “É comunicado do dia para a noite que vai ser daquele jeito. Sou contra o jeito que foi feito e acho que São Paulo é uma cidade elétrica, não comporta 50km/h numa marginal.”
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