A cada 15 segundos uma mulher é espancada no Brasil - ou seja, 2,1 milhões de mulheres espancadas por ano. Muitas vezes, o lugar menos seguro para uma mulher é a sua própria casa: mais de 70% dos casos de incidentes violentos registrados em delegacias são de espancamento de mulheres por seus companheiros.
Os dados da pesquisa da Fundação Perseu Abramo (2001) foram divulgados nesta sexta-feira pela organização não-governamental (ONG) Agende - Ações em Gênero, Cidadania e Desenvolvimento. A ONG está à frente da campanha mundial 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, que começa nesta sexta-feira em 130 países.
No Brasil, um caso célebre é o da cearense Maria da Penha Fernandes, ocorrido em 1983. Depois de sofrer diversas tentativas de homicídio por parte de seu então marido, Maria da Penha ficou paraplégica. Após aguardar a decisão da justiça brasileira por 15 anos, sem resultado, ela entrou com uma ação contra o País na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Em 2001, o Estado Brasileiro foi condenado, pela primeira vez na história, por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica.
Atualmente, a política de apoio à mulher vítima de agressão está presente em todos os estados brasileiros. O projeto Casa Abrigo, por exemplo, já possui 72 unidades implantadas e 54 em funcionamento em todo o país.
- A Casa Abrigo é um projeto sigiloso que acolhe mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica em situação de risco - explica a diretora da Casa Abrigo do Distrito Federal, a advogada Andréa Vasquez.
Segundo ela, o número de denúncias tem aumentado na capital federal. O banco de dados da instituição mostra que em 1997, quando foi inaugurada, a casa recebeu nove mulheres. Em 2005, até o mês de outubro, já foram acolhidas pelo programa 157 mulheres.
- A gente vê que a mulher teve acesso a mais informações, que tem órgãos trabalhando para a mulher quebrar esse silêncio, como os conselhos da mulher, o disque direitos humanos (61-3322-2266), o núcleo de atendimento à família, as delegacias de mulheres e os hospitais, que contam com salas de atendimento à mulher - afirma.
Andréa conta que a mulher que é atendida pelas Casas Abrigo geralmente tem entre 18 e 28 anos e denuncia o agressor apenas de oito a dez anos após o primeiro ato de violência. A maioria é de classe baixa e apresenta vários distúrbios emocionais. O agressor geralmente é companheiro, marido ou padrasto, no caso das crianças.
Este ano, a Casa Abrigo do Distrito Federal inaugurou o primeiro núcleo de atendimento aos homens agressores, que são encaminhados pela justiça, que troca a pena de doação de cestas básicas pelo atendimento no núcleo.
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