Uma viagem a cada 76 dias

O governador Roberto Requião (PMDB) realiza uma viagem internacional a cada 76 dias, em média. A freqüência dos compromissos no exterior fez com que Requião, desde que assumiu o governo, em 2003, deixasse o Brasil 28 vezes para visitar 15 países diferentes, em três continentes. Os principais destinos foram Argentina, Estados Unidos e França.

Ontem, o governador viajou novamente, em missão oficial, com destino aos Emirados Árabes Unidos. O governador viaja acompanhado da esposa, Maristela, dos secretários especiais Luís Mussi e Benedito Pires Trindade, e do deputado estadual Alexandre Curi (PMDB). O destino nos Emirados será Dubai, uma das cidades mais luxuosos do mundo. De lá, a comitiva seguirá para o Japão, onde participa de um evento do centenário da imigração japonesa ao Brasil. O retorno ao Paraná está previsto para 5 de novembro.

A ida aos Emirados Árabes e ao Japão é a sexta viagem internacional que Requião faz neste ano. A passagem por Dubai, que deve ser de três dias, servirá para aproveitar a escala do vôo, antes da partida ao Japão. Em Dubai, estão previstas reuniões com exportadores brasileiros e uma visita à sede do grupo Al Habtoor, que atua nos setores de hotelaria, imobiliário, automotivo, de publicações, seguros e educação. O governo divulgou ainda que Requião pretende se encontrar com o embaixador brasileiro nos Emirados, embora a sede da embaixada seja em outra cidade do país, Abu Dhabi.

Resultados questionados

A oposição ao governo questiona os resultados que as viagens do governador trouxeram. "Fiz um desafio para que me mostrassem o resultado de uma viagem feita pelo governador", afirma o deputado estadual Valdir Rossoni (PSDB). Rossoni diz que, quando era líder da oposição na Assembléia Legislativa, pediu informações sobre viagens e elas não foram fornecidas. "Eu acho muito (o governador viajar a cada 76 dias). Se nós víssemos os resultados, aí tudo bem." O deputado sugere que, após essa "viagem tão dispendiosa", o governador apresente relatórios à Assembléia.

Apesar de o custo total da viagem não ter sido divulgado, o governador terá 400 dólares (R$ 950) por dia para pagamento de hospedagem, alimentação e táxi. Cada secretário de estado terá direito a 351 dólares por dia (R$ 835). O secretário especial Luís Mussi, que acompanha Requião a Dubai, explica que o governo fornece um valor de diária em hotel. Se a diária for superior, quem paga a diferença é a autoridade pública.

A última viagem que Requião realizou à Europa custou pelo menos R$ 6,8 mil, como ajuda de custo para o governador e outro participante da viagem. O valor consta do site Gestão do Dinheiro Público, mantido pelo governo. Requião foi para a Alemanha participar da 9ª Conferência das Partes sobre Diversidade Biológica (COP 9).

Roteiros

As viagens do governador envolvem rodadas de negócios, como à China e à Venezuela, em 2005, e solenidades políticas, como a posse do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, neste ano. Além disso, Requião tem participado de eventos diversos, como a inauguração da Semana do Paraná em Paris, na França, em 2005, e a comemoração dos dez anos de lançamento das ações da Copel na Bolsa de Nova Iorque, em 2007. Nos quase seis anos de mandato, Requião viajou mais em 2004. Foram oito viagens – ou seja, uma a cada 46 dias.

O secretário estadual de Indústria e Comércio, Virgílio Moreira Filho, defende a realização de viagens internacionais. O secretário diz que o objetivo é estabelecer laços de boa vizinhança, negócios e parcerias na área econômica. Cerca de 62 convênios com vários países foram firmados, entre eles 28 com a Venezuela, de acordo com Moreira Filho. "Inserimos empresas paranaenses e vamos vender o Paraná no exterior", afirma. Ele explica que os convênios são principalmente de origem econômica e de troca de experiência em políticas públicas. O secretário Luis Mussi acrescenta que o governador não viaja sem ter objetivo e que "ninguém cuida tanto do dinheiro público como Requião".