O Planalto tenta conter o desgaste sofrido nas últimas semanas pelas lideranças emergentes do PT. O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que após as manifestações de rua viu sua popularidade cair 16 pontos numa pesquisa do Datafolha, e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que comanda a pasta cujos serviços têm a pior avaliação da população, esperam mais recursos federais para dar andamento a projetos e programas.
Haddad estará hoje (2) em Brasília para discutir com ministros e técnicos do governo obras do PAC Grandes Cidades, versão do Programa de Aceleração do Crescimento voltado para mobilidade urbana.
"A primeira linha de financiamento gira em torno de R$ 1,7 bilhão, que são os corredores (de ônibus) que nós licitamos esse ano seguindo as regras do PAC, porque não estavam previstos recursos", disse Haddad, A Prefeitura não informou quais serão as outras áreas beneficiadas pelo PAC. Os corredores formam um pacote de 66 quilômetros.
"Temos de responder às ruas com trabalho, antecipando cronograma com mais investimento, temos de responder com mais governo, com mais diligência, presteza, atendendo à população com a melhoria do serviço público", afirmou o prefeito. Ele enfatizou que todos os governantes tiveram a popularidade afetada.
Em abril, Haddad esteve no Planalto para pedir urgência no aumento de recursos do PAC para o município, mas a conversa com a presidente Dilma Rousseff não representou avanço nos repasses. Na época, ele reclamou que o PAC não atendia às demandas da capital.
Além dos corredores de ônibus, outra preocupação do prefeito e do governo federal é com o atraso no cronograma de obras em torno do estádio Itaquerão, na zona leste, que sediará o jogo de abertura da Copa do Mundo em 2014. O governo estima que apenas 30% das obras do projeto orçado em R$ 317 milhões foram concluídas.
Outra obra de mobilidade urbana no município prevista no PAC é a construção da linha do Monotrilho que ligará o bairro do Morumbi ao aeroporto de Congonhas, orçada em R$ 3,1 bilhões, e que terá recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Padilha
Na saúde, o governo decidiu tirar do papel projetos que estão parados no ministério. O principal deles é a convocação de médicos estrangeiros interessados em trabalhar no serviço público. Os municípios terão de informar ao governo o déficit de médicos em seus postos e hospitais. O salário do médico que aderir ao programa será de R$ 10 mil, segundo edital divulgado ontem (1). O projeto é criticado por entidades do setor.
Depois de dois anos de discussão, o governo pretende ainda incluir, no próximo ano, a vacina de HPV no Programa Nacional de Imunização. O imunizante estará disponível para meninas de 10 e 11 anos na rede pública de saúde e nas escolas.
O Ministério da Saúde deverá distribuir ainda os medicamentos antirretrovirais para prevenção à aids e não somente para pessoas infectadas pelo HIV.
A vacina custará para o ministério R$ 30 por dose - valor 8% menor daquele que é pago pelo Fundo Rotatório da Organização Pan -Americana de Saúde. A estimativa é a de que a vacina tenha 90% de eficácia. Nos EUA, segundo o governo, a cobertura vacinal não superou 35%. Mesmo assim, a vacinação trouxe uma redução de 56% nos casos de novas infecções pelo HPV, um vírus que infecta pele e mucosas. Existem mais de 100 tipos deles, mas cerca de 13 estão associados ao câncer. A estimativa é a de que 80% das mulheres sexualmente ativas tenham tido contato com o vírus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.