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O presidente da Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs), Paulo Schmidt, confirmou ontem que a empresa, embora seja de economia mista, tem suas contas vinculadas à prefeitura de Curitiba e faz pagamentos usando o nome da administração municipal para fugir de possíveis "penhoras" da Justiça e dos credores.

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Ontem, a Gazeta do Povo publicou reportagem com declarações de Sidney Martins, ex-procurador-jurídico da Urbs, demitido por suspeita de desvio de dinheiro. Ele denunciou que havia ordens para que verbas de ações trabalhistas e indenizações não passassem pelo caixa da Urbs.

O objetivo dessa medida seria "esconder" o dinheiro da empresa justamente para evitar que credores tentassem reter o dinheiro de indenizações. Martins afirmou que agia dessa forma por determinação do diretor-administrativo financeiro afastado, Ricardo Smijtink. Ele teria pedido o afastamento até que termine a auditoria interna que está ocorrendo na companhia.

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"O caixa da Urbs está vinculado à prefeitura para a Justiça não reter verbas de possíveis ações. Caso a Urbs tivesse dinheiro retido devido a processos, o sistema (de transporte) poderia parar por falta de verba. E isso não pode ocorrer", justificou Schmidt.

Nos últimos dez anos, a Urbs foi alvo de aproximadamente 1.500 ações trabalhistas. A empresa também responde a processos de indenização de outros tipos – alguns deles envolvendo milhões de reais.

Segundo o presidente da empresa, a Urbs perdeu, por exemplo, uma ação devido à desapropriação da Rua XV de Novembro, no valor de R$ 4 milhões. "Mas houve um acordo e pagaremos R$ 2,6 milhões, parte saída do patrimônio da empresa e em algumas parcelas."

Na Justiça também corre um processo contra a Urbs na qual as empresas de ônibus da cidade, por exemplo, cobram uma dívida de R$ 32 milhões, do ano de 2005.

Atualmente, de acordo com Schmidt, a Urbs tem um orçamento de cerca de R$ 700 milhões por ano. Algo em torno de R$ 610 milhões são para pagar empresas operadoras de transporte, R$ 35 milhões são para intervenções de trânsito e aproximadamente R$ 30 milhões são para outros gastos da Urbs.

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Para tentar acabar com a prática de as verbas não passarem pelo caixa da empresa, Schmidt disse que a Urbs está estudando alternativas, como fazer certas transferências de forma automática.

A prática da Urbs de "esconder" o dinheiro para não sofrer um processo de penhora judicial veio à tona juntamente com a denúncia de que havia desvio de parte do dinheiro depositado judicialmente pela Urbs – e que, em alguns casos, deveria voltar ao caixa da empresa após concluído o processo.

O presidente da Urbs ontem também confirmou que verbas depositadas para ações judiciais foram retiradas e não retornaram à contabilidade da empresa. Até o momento, não se sabe quanto teria sido desviado da companhia.

"A auditoria que está sendo feita vai levantar isso. E vamos atrás do ressarcimento. Até certo ponto, houve falhas na empresa, mas que estão sendo sanadas."

Na Câmara Municipal, o vereador André Passos (PT), pediu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI) para investigar a Urbs. O líder do prefeito Beto Richa (PSDB) no Legislativo do município, Mário Celso Cunha (PSDB), afirmou que a administração da cidade está disposta a dar qualquer tipo de esclarecimento.

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