"Ganhamos aos 46 minutos do 2.º tempo, talvez com um gol de mão, mas o que vale é bola na rede."

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Do chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, ontem, em entrevista para a rádio Bandnews, recorrendo à metáfora futebolística (lembrando Lula e o gol de Maradona na Copa de 86), mas lançando dúvidas sobre a legitimidade do resultado que deu vitória a Requião.

Como eleição não é uma ciência exata, a análise dos seus resultados costuma ficar a critério do freguês. Mas três avaliações feitas nos últimos dias são, no mínimo, espantosas.

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A primeira foi do próprio governador reeleito. Pela primeira vez se viu um vencedor contestando a própria vitória. Foi o que ele fez ao considerar que as inseguras urnas eletrônicas do TRE podem ter lhe atribuído votos em quantidade menor do que aquela de que se achava merecedor.

Outra análise espantosa foi feita pelo governador em exercício, Hermas Brandão. Para ele, Requião poderia ter vencido por larga margem se... se Lula não tivesse declarado seu apoio!

Na sua opinião, ao invés de agregar votos para Requião, Lula tirou. O raciocínio é o seguinte: como muitos eleitores de Alckmin votariam em Requião, acabaram mudando para Osmar quando viram Lula apelando em favor de Requião. O prejuízo, segundo seus cálculos, teria sido da ordem de 10% da votação que Alckmin teve no Paraná – ou seja, cerca 275 mil votos. Portanto, a vitória de Requião poderia ter sido por 285 mil votos de não por apenas os irrisórios 10 mil registrados.

Outro setor que fez análise sobre a derrocada do prestígio de Requião foi a Secretaria de Comunicação Social do governo do estado: produziu e divulgou ontem um meticuloso relatório sobre a quantidade de matérias publicadas pelos jornais que, na sua opinião, serviram para tirar votos do candidato e transferi-los para Osmar. Pelas contas, foram 6.028 reportagens contrárias a Requião e apenas 2.820 contra Osmar Dias.

Então, somando-se a força de todos esses culpados – urnas eletrônicas, Lula e imprensa – fica explicado porque Requião conseguiu ser rejeitado por 63% dos 7.121.257 eleitores paranaenses.

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Olho vivo

Cartório 1 – Nunca se viu na história do Paraná uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas ser tão solenemente desprezada. É o que está ocorrendo agora. O vice-governador Orlando Pessuti, nomeado há seis meses para ocupar uma das sete cobiçadas vagas, prefere continuar como vice. Outro que já disse que não quer é o deputado Hermas Brandão, embora pudesse ser escolhido pela Assembléia.

Cartório 2 – Na verdade, Hermas estaria de olho em algo melhor. Um dos dois novos cartórios de Protestos criados em Curitiba. Cartorário do Registro de Imóveis de Andirá, ele requereu sua remoção para a nova serventia, cujo faturamento mensal estimado é de R$ 300 mil. Com bom trânsito junto ao Tribunal de Justiça, Hermas já considera como certa a sua indicação.

Vingança 1 – Corre na praça uma lista de nomes, supostamente anotada por Requião, sobre cujas cabeças promete fazer o céu desabar. A chamada "lista da vingança" agruparia acusados de "alta traição" e os de "média traição". Da primeira coluna constariam o prefeito Beto Richa, o Ministério Público Estadual, setores do Judiciário e empresários, dentre os quais Salomão Soifer, dono do terminal de contêineres do Porto de Paranaguá.

Vingança 2 – Faria parte da vingança contra os que causaram embaraços à campanha a estranha declaração do governador em exercício, Hermas Brandão, de que correm risco o salário de dezembro e o 13.º do Ministério Público. A alegação é de que a arrecadação diminuiu nos últimos meses e talvez falte a verba do MPE – órgão que revelou arapongagens do assessor palaciano Délcio Rasera.

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Primário – A respeito de nota publicada ontem, o assessor do governo para assuntos curitibanos, Doático Santos, diz que o processo em que foi condenado a um ano de prisão acabou sendo posteriormente anulado.