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BRASÍLIA - O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), descartou ontem a possibilidade de abrir uma investigação para apurar o suposto uso irregular da cota de passagens aéreas pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Reportagem publicada ontem pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que Tasso gastou R$ 469 mil em recursos do Senado para fretar jatinhos entre 2005 e 2007. Tuma disse que o Senado ainda discute regras mais claras para a utilização do benefício. Enquanto isso, segundo ele, fica a critério de cada parlamentar definir o uso da cota mensal de viagens para seus estados.

De acordo com a reportagem, um ato da direção do Senado regulando o benefício não permite esse tipo de procedimento. Mas Tasso disse ter obtido autorização especial do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia e do ex-primeiro-secretário da Casa senador Efraim Morais (DEM-PB) para fazer as suas viagens. Segundo a Folha, entre 2005 e 2007, Tasso gastou R$ 335 mil. Depois, as despesas foram publicadas sem registro de seu nome. De lá para cá, foram mais R$ 134 mil, totalizando R$ 469 mil, de acordo com o Siafi (sistema de acompanhamento do Orçamento).

O atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, divulgou nota ontem em defesa de Tasso, afirmando que a utilização da cota no fretamento de aviões tem "absoluto caráter de legalidade". Segundo ele, ato da direção do Senado editado em 1988, referente à cota de passagens aéreas, é omisso no que diz respeito à utilização da verba para o fretamento de jatos. Por isso ele não teria cometido irregularidades.

"Legal"

Tasso subiu à tribuna do Senado ontem para se explicar e disse que a prática é legal. "Há necessidade de fazer fretamentos em função de eu não utilizar uma cota de passagens de viagens que todos nós, não so—mente senadores, mas da Câmara, temos direito. As cotas são utilizadas por mim mesmo, para fretar aviões em caso de viagens mais difíceis de serem feitas. Uma média de quase uma por ano nesses seis anos de mandato", afirmou.

Tasso criticou ainda a onda de denúncias contra o Senado. "Eu, homem público, honesto, branco de olhos azuis, não sou responsável por essa crise causada no Senado. Vontade dá de ir para casa porque isso aqui está ficando insustentável. Isso aqui não dá lucro, não. Isso aqui dá prejuízo. " A declaração de Tasso ironiza o presidente Lula, que disse que a crise financeira mundial tinha sido provocada por gente branca e de olho azul.

Outros senadores subiram na tribuna para defender Tasso e afirmaram que é necessário fazer uma reformulação administrativa da Casa, com vistas à transparência. Mário Couto (PSDB-PA) e Jefferson Praia (PDT-AM) reconheceram que também fretaram jatinhos para viajar ao interior com a verba das passagens.

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