Após ser alvo de fogo amigo do PT, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-RS) disse nesta quarta-feira (24) que continua se sentindo "confortável" para coordenar os trabalhos do grupo da reforma política na Câmara. Ao lançar um canal na internet para receber propostas para a reforma, o petista defendeu que um dos temas que precisam ser enfrentados no início dos trabalhos, em agosto, é o fim das coligações proporcionais.
Vaccarezza ainda provocou indiretamente correligionários afirmando que, ao discutir as mudanças no sistema político do país, "é errado querer enquadrar a sociedade num pensamento único e numa ideia fixa só porque eu ou alguém acha que é melhor".
Segundo o deputado, em um debate polêmico como o das alterações no sistema político não é possível tentar impor temas e é preciso encontrar um meio termo. "Eu tenho posição pública sobre a reforma: defendo voto em lista e financiamento público, mas se eu quiser enquadrar o debate da comissão, não vai andar", afirmou.
Entre as bandeiras históricas do PT estão o financiamento público de campanha e o voto proporcional em lista fechada, quando o eleitor vota no partido, que tem a prerrogativa para organizar os candidatos.
Ao longo de sua fala de mais de uma hora, o petista deu alfinetadas em conduções de outras reformas políticas na Casa apontando que "não vou me basear em fórmulas que deram errado". A proposta mais recente foi conduzida pelo petista Henrique Fontana (PT-RS) que não consegui aval dos partidos para ser votada em plenário.
Vaccarezza e Fontana travaram nos últimos dias um embate por conta da reforma. A disputa chegou a dividir a bancada petista e Vaccarezza foi alvo de manifesto de 40 deputados que o criticaram especialmente por dizer que não há tempo para o Congresso aprovar plebiscito que tenha efeitos nas eleições de 2014.
"Eu faço parte da linha de frente de defesa da presidente Dilma [Rousseeff] e do PT. Faço, fiz e vou continuar fazendo. Diferentes de alguns, não fico com medo de enfrentar posições difíceis", afirmou.E completou: "Quero garantir que vamos votar reforma política. Pode sair coisa que não concordo, mas vamos votar. Essa reforma política não será só dos políticos, será uma reforma do povo brasileiro".
O coordenador disse que é preciso colocar em votação o fim das coligações partidárias para eleições proporcionais (deputados e vereadores). Atualmente, o sistema eleitoral autoriza a aliança de partidos nas eleições para deputados estadual e federal e para vereador. Com isso, quanto mais votos uma coligação registrar, mais vagas terá nos legislativos.
"O fim das coligações obriga aos partidos se apresentarem no debate político com ideias e candidatos próprio e não tem candidato de um partido fortalecendo a chapa de outro partido. E não tem a situação de um partido sem ideia, ideologia elegendo uma pessoa", afirmou.
Interação
O grupo da reforma política lançou uma página na internet para receber sugestões. A ferramenta está disponível no site da Câmara, na parte do e-democracia. Para acessar a página, é necessário selecionar a opção reforma política. Por lá, há espaço para apresentar ideias, participar de fóruns de debates, ter acesso a projetos que alteram a legislação política e eleitoral, entre outras ações.
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