O então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, aconselhou o PT a pagar uma indenização de R$ 240 mil para sua cunhada Marice Correa de Lima, em julho de 2010, por danos morais, para evitar que uma eventual ação na Justiça “reflita no processo eleitoral” (já estava em curso a campanha da presidente Dilma Rousseff). Vaccari pede que o advogado petista Luiz Eduardo Greenhalgh providencie um entendimento com sua cunhada, aconselhando que ele chegue a um acordo com o PT “a fim de evitar qualquer tipo de ação reparatória, de natureza civil ou trabalhista contra o partido”. Com esse dinheiro, Marice declarou em seu imposto de renda que comprou um apartamento da Cooperativa dos Bancários de São Paulo (Bancoop) em 2011.
A carta de Vaccari e o acordo de Greenhalgh com Marice foram anexados nesta segunda-feira ao processo em que Vaccari e a cunhada respondem na Justiça do Paraná por lavagem de dinheiro, corrupção e ocultação de bens. Na correspondência de Vaccari para Greenhalgh, o então tesoureiro petista diz que Marice trabalhou no PT de fevereiro de 2003 a dezembro de 2005 e nesse período, “não suportando mais a pressão midiática que se fazia em torno do seu nome com relação a episódios ventilados e referidos ao pagamento de parcela de dívida do PT com a Coteminas, acabou pedindo demissão e agora quer ser indenizada por danos morais e materiais para reduzir os prejuízos causados pelo epísodio”.
Na época, havia informações de que Marice teria sido portadora de um pagamento de R$ 1 milhão do PT para a Coteminas como resultado do mensalão. Na carta a Greenhalgh, Vaccari diz que tem “sido procurado insistentemente pela ex-funcionária Marice Correa de Lima”, sem dizer que ela é sua cunhada.
O acordo de indenização firmado entre o PT e Marice foi assinado no dia 25 de fevereiro de 2011, quando Vaccari ainda era o tesoureiro do PT. Ele só deixou o cargo no começo deste ano, pedindo licença do cargo quando já estava preso em Curitiba. Marice ganhou do PT R$ 240 mil, com R$ 40 mil de entrada e outras dez parcelas de R$ 20 mil cada.
Marice é suspeita de ajudar o cunhado na lavagem de dinheiro. Segundo a associação dos mutuários da Bancoop, Marice comprou três apartamentos por meio da cooperativa: um no Mirante do Tatuapé, outro no Solar de Santana e outro no Edificio Solaris, no Guarujá, o mesmo onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um triplex e onde o próprio Vaccari tem apartamento. Esse apartamento do Solaris, Marice pagou R$ 200 mil em 2012, mas devolveu o imóvel à OAS, que terminou o imóvel. A OAS pagou R$ 432 mil a Marice pelo apartamento. Meses depois, a OAS vendeu o mesmo imóvel por R$ 327 mil, com prejuízo no negócio. Ela ainda é dona do Mirante do Tatuapé e do Solar de Santana.
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