O tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, negou à CPI da Petrobras a denúncia do Ministério Público Federal de que pagamentos da Petrobras a empresas contratadas eram repassados, na forma de propina, para o partido por meio de doações legais.
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Assessor de deputado paranaense nega ter soltado roedores em CPI
Ele respondeu pergunta da deputada Eliziane Gama (PPS-MA), que apresentou planilha de pagamentos elaborada pela Força Tarefa da Operação Lava Jato. Os procuradores que investigam desvios na estatal concluíram que repasses oficiais aos diretórios do PT foram feitos por empresas contratadas pela Petrobras poucos dias depois dos pagamentos serem feitos.
Aécio rebate Vaccari e diz que PSDB ‘não é igual ao PT’
O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), rebateu nesta quinta (9) a declaração do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, de que o PSDB e outros partidos receberam recursos de empresas investigadas pela Operação Lava Jato.
Aécio disse que o PT faz um “esforço enorme” para se mostrar igual a partidos que combatia no passado, mas que o PSDB não pode ser comparado à sigla da presidente Dilma Rousseff. “O PT passou boa parte da sua existência querendo provar que era diferente dos outros. Hoje faz um esforço enorme para se mostrar igual aos outros. Mas nós não somos igual ao PT. Nós não recebemos financiamento em troca de superfaturamento de obras, como aconteceu com o desvio de recursos públicos e, segundo as inúmeras delações premiadas, com o PT”, disse Aécio.
Vaccari fez a declaração em depoimento à CPI da Petrobras, na Câmara, que teve início na manhã desta quarta (8) e já dura mais de quatro horas.
Aécio disse que o tesoureiro do PT fez sua “confissão de culpa” ao recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal), antes de prestar depoimento, que o desobrigou de assinar um termo de compromisso de dizer a verdade à CPI da Petrobras. “O simples fato de ir ao STF em última instância para estar liberado de dizer a verdade é uma absoluta e definitiva confissão de culpa”, afirmou.
“Doações oficiais do consórcio Intercon e da Setal foram feitas ao PT dois dias depois delas receberem da Petrobras. Como o senhor explica isso?, perguntou. “As doações são legais, apresentadas ao TSE e via transações bancárias”, respondeu Vaccari. “Mas não é muito coincidência, dois dias depois de receber da Petrobras, doar ao PT?”, insistiu a deputada. “Eu vou repetir: as doações são legais”, disse Vaccari.
Os consórcios Interpar e Intercom (formados pela Mendes Jr, MPE e SOG) receberam da Petrobras, entre 2008 e 2010, em datas próximas às de doações para o PT. Eliziane apresentou dados que mostram que, em 2009, a Petrobras efetuou pagamento de R$ 14,9 milhões, no dia 29 de abril, para o consórcio Interpar (Mendes Jr, MPE e SOG). No dia 30, foi feita transferência da Setal de R$ 120 mil para o Diretório Nacional do PT.
Alvo de pedidos de setores do PT para que deixe o comando da tesouraria do partido por conta das acusações de envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras, Vaccari Neto afirmou que ainda tem apoio interno para continuar no cargo e negou as acusações de corrupção. O petista, no entanto, afirmou que a sua permanência na tesouraria do partido é um “debate que deve ser feito no diretório nacional”.
“Ao diretório nacional, até o dia de hoje, não foi apresentada nenhuma proposta para que eu deixe a Secretaria de Finanças. Até o dia de hoje, a avaliação que eu tenho é que tenho apoio do diretório para permanecer na Secretaria de Finanças. É um debate que deve ser feito no diretório nacional, na presença de todos”, disse Vaccari.
Segundo a reportagem apurou, ex-presidente Lula está entre os que defendem o afastamento imediato de Vaccari e tem dito a aliados que, se permanecer no cargo, o tesoureiro não consegue nem se defender nem ajudar o partido.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro é outro petista que já defendeu que Vaccari não pedir seu afastamento do cargo, o comando nacional do partido deve fazê-lo preventivamente.
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), criticou correligionários que pedem a saída do tesoureiro e disse que há um movimento que se transformou em “ verdadeira obsessão” para tentar “criminalizar as finanças do partido”. “O petista que disser isso está fora do eixo. Isso é um absurdo e será uma pré-condenação. Ele só sai se provarem alguma coisa. Se está com a consciência tranquila, é o que basta”, disse.
Beneficiado por um habeas corpus obtido no STF (Supremo Tribunal Federal) que o desobriga a produzir provas contra si próprio, Vaccari disse que as delações premiadas que o acusam de envolvimento com o esquema não são verdadeiras.
Ele negou ter tratado de doações ao partido com o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e com o ex-gerente Pedro Barusco. Segundo Barusco, a Diretoria de Serviços intermediava pagamento de propinas das empresas ao PT, que eram repassadas a Vaccari. O tesoureiro negou a existência dessa sistemática de corrupção, embora tenha admitido conhecer Duque e Barusco.
Vaccari admitiu encontros com representantes de empresas para pedir doações ao PT, mas afirmou que se tratavam de visitas institucionais feitas por sua condição de tesoureiro e que resultaram em doações legais, por transação bancária. “É usual que o secretário de finanças do Partido dos Trabalhadores faça visitas institucionais à empresa na busca de recursos”, declarou, ao ser questionado sobre o caso específico da Galvão Engenharia.
Sobre acusação feita pelo doleiro Alberto Youssef, que repassou R$ 400 mil a uma cunhada de Vaccari, o tesoureiro não entrou em detalhes e afirmou manter com Marice uma relação “estritamente familiar”. Vaccari disse conhecer Youssef, mas que não tinha relação próxima. Vaccari também desconversou quando questionado que desejava participar de uma acareação com Barusco. “Não tenho determinantes sobre essa questão. Não depende da minha vontade”, afirmou.
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