Após um mês de adiamentos e falta de decisão no processo disciplinar contra Renan Calheiros (PMDB-AL), o Conselho de Ética do Senado não avançou um milímetro nas investigações. Nas últimas quatro semanas, a situação do presidente do Senado vem se tornando cada vez mais delicada, com partidos e entidades sociais pedindo publicamente seu afastamento do posto.
O próximo passo dessa novela será dado pela assessoria jurídica da Casa. O novo presidente do conselho, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), fala em "equívocos" cometidos pelo colegiado e quer avaliar a "competência" do órgão para cuidar do caso. Renan é acusado de ter as despesas pessoais pagas por um lobista.
Com tantas idas e vindas, parlamentares não descartam a possibilidade de Renan reclamar a nulidade do processo por quebra de decoro como última estratégia para se salvar.
O primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), disse nesta sexta-feira que a Mesa poderá tomar uma decisão sobre a posição do Conselho de Ética, que não conseguiu votar o relatório que propõe o arquivamento da representação contra Renan nem tomar posição sobre os novos fatos que surgiram.
Em 18 de julho, o Congresso entra em recesso parlamentar.
Veja, a seguir, os movimentos políticos que influenciaram os trabalhos do Conselho de Ética:
29 de maio
- PSOL protocola representação contra Renan Calheiros por quebra de decoro parlamentar para apurar pagamento de pensão alimentícia de uma filha de 3 anos do senador por um lobista da construtora Mendes Júnior e a citação de seu nome em gravações da Operação Navalha.
- Na mesma ocasião, a ex-senadora Heloisa Helena (PSOL-AL) pede o afastamento dele da presidência da Casa.
18 de junho
- O senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) deixa a relatoria do processo contra Renan por problemas de saúde na véspera do dia marcado para votação de seu relatório. No parecer, ele pede o arquivamento da representação contra o senador e descarta apurar novas denúncias feitas por veículos de imprensa. Esse relatório nunca chegou a ser votado pelos conselheiros.
19 de junho
- Aliado fiel de Renan, o senador Welington Salgado (PMDB-MG) assume a relatoria do caso.
20 de junho
- Salgado renuncia ao cargo. A sessão do conselho é adiada pela terceira vez, deixando pendente o julgamento do parlamentar. Desde então, não há relator da matéria.
26 de junho
- Sibá Machado renuncia ao comando do colegiado na véspera da reunião do conselho para apreciar o processo contra o presidente. O afastamento reacende a crise interna. Recaem sobre Renan suspeitas de que usa seu poder à frente do cargo para tentar controlar as investigações.
- No mesmo dia, o Democratas declara guerra e pede que Renan Calheiros se licencie do cargo até o final do inquérito no Senado. A decisão partidária, a primeira com densidade política desde o início da crise, foi motivada por uma guerra de bastidores. Boatos vazados para a imprensa, atribuídos a Renan, sobre parlamentares democratas, azedaram as relações.
27 de junho
- Atento à estratégia do partido oposicionista, segunda maior bancada do Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decide chamar Renan para conversar. Em seguida, convoca lideranças do PT no Senado para tomar conhecimento da situação. Ele deixa claro que está preocupado que a crise contamine os trabalhos no Congresso.
- O líder do PSDB, senador Athur Virgílio (AM), lança seu nome para ocupar a presidência do Conselho. Aliados de Renan se movimentam e indicam o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).
- Quintanilha vence Virgílio e assume o comando do conselho.
- Novo presidente convida o senador Renato Casagrande (PSB-ES) para assumir a relatoria.
28 de junho
- Casagrande aceita o convite, mas tem o nome vetado por Renan. Quintanilha desconvida o colega, mas nega o movimento. O senador socialista não assume o posto.
- Quintanilha nega manobra do PMDB para salvar Renan. Ele levanta dúvidas sobre a competência do Conselho de Ética para julga o processo e aciona a consultoria jurídica da Casa para se pronunciar a respeito.
29 de junho
- A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pede o afastamento de Renan.
- O PSOL, autor da representação contra Renan, promete entrar com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público caso as investigações no Conselho de Ética também fiquem paradas na semana que vem.
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