Brasília (Folhapress) Acusado de ser o operador do suposto esquema do mensalão, o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza deverá detalhar hoje, em depoimento à CPI do Mensalão, como repassou dinheiro clandestino para partidos políticos. Além de não poupar José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, ele deve dar detalhes do dinheiro destinado ao publicitário Duda Mendonça.
Nas palavras do seu advogado, Marcelo Leonardo, o publicitário pretende fazer uma "reprodução" no Congresso do seu último depoimento dado à Procuradoria Geral da República. Na ocasião, Valério complicou o ex-ministro José Dirceu e apontou uma lista de sacadores dos recursos de suas empresas de publicidade, que incluem nomes de deputados e dirigentes partidários. "A linha [do depoimento] será uma reprodução dos esclarecimentos que ele prestou à Procuradoria. Naquela oportunidade, ele forneceu a relação dos empréstimos feitos em bancos, dos valores e das pessoas beneficiadas pelos empréstimos ao PT", disse Marcelo Leonardo.
Segundo o advogado, a principal diferença entre os depoimentos dados à CPI dos Correios, no início de julho, e o de amanhã é que, na época, "ele ficou aguardando o PT assumir os fatos". Hoje, Valério deverá dar detalhes de como eram repassados os recursos ao PT. "Lá [na CPI dos Correios] ele não abriu a informação sobre o destino dos recursos, e agora isso já está claro desde que foi ouvido pela Procuradoria", disse o advogado.
A intenção de Valério é tentar provar que o dinheiro emprestado às suas empresas, cerca de R$ 55,8 milhões, chegaram às mãos de uma lista de pessoas indicadas pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, em concordância com a versão dada pela gerente administrativa da agência SMP&B Comunicação, Simone Vasconcelos. "[Os recursos] foram entregues por ele ao Delúbio e às pessoas que o Delúbio indicou e, várias delas, por intermédio da Simone, o que ela já esclareceu, sobre aquele pessoal que recebeu pelo Banco Rural", afirmou o advogado de Valério.
O empresário mineiro também não deverá poupar José Dirceu, afirmando que manteve reuniões com o petista na Casa Civil e que ele dava respaldo aos empréstimos tomados com os bancos. Ao Conselho de Ética da Câmara, Dirceu negou envolvimento com os empréstimos bancários.
Duda
Outro ponto que será abordado por Valério será o repasse de R$ 15,5 milhões, feitos entre fevereiro e novembro de 2003, destinado ao publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva. Duda nega os saques.
A versão de Valério é que o dinheiro tinha dois caminhos para chegar até Duda Mendonça. Um deles era por meio de saques da sócia de Duda, Zilmar Silveira, que pegava o dinheiro das mãos do policial civil David Alves. A outra forma de repasse seria por meio do consultor financeiro Jader Kalid Antonio, responsável por entregar o dinheiro a Duda.
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